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Ficou barato demais para o general Gonçalves Dias

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Carlos Graieb
3 minutos de leitura 17.10.2023 17:55 comentários
Opinião

Ficou barato demais para o general Gonçalves Dias

A CPMI do 8 de Janeiro foi um monumental tiro no pé dos deputados e senadores de direita. Ineptos na articulação política, eles ficaram em minoria no colegiado, depois de muito insistirem na sua criação...

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Carlos Graieb
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Ficou barato demais para o general Gonçalves Dias
Edilson Rodrigues/Agência Senado

A CPMI do 8 de Janeiro foi um monumental tiro no pé dos deputados e senadores de direita.

Ineptos na articulação política, eles ficaram em minoria no colegiado, depois de muito insistirem na sua criação. Com isso, perderam o controle dos trabalhos e não tiveram chance de tecer a narrativa que lhes interessava – a de que o ataque aos prédios dos Três Poderes foi produto da infiltração de esquerda num evento sem propósitos golpistas.

Para completar, a relatoria da comissão coube a uma aliada do Palácio do Planalto, a senadora Eliziane Gama, que não teve medo de ser feliz e pediu o indiciamento de 61 pessoas, a começar pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.  

Eliziane não concedeu aos adversários nem mesmo o prêmio de consolação de verem indiciado o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias.

A senadora recomendou que os nove principais subordinados do general sejam responsabilizados por “omissão imprópria dolosa”, mas salvou a pele do próprio G. Dias, sob a justificativa esfarrapada de que ele só ocupava o cargo havia uma semana.

Pela detalhadíssima descrição dos fatos no relatório, é impossível aceitar que o ex-ministro de Lula não tenha sido responsabilizado, no mínimo, por omissão culposa. Se tivesse supervisionado a implementação dos planos de defesa com o devido cuidado, o Palácio do Planalto poderia ter sido poupado do vandalismo. 

O capítulo “Da Defesa da Praça dos Três Poderes” talvez seja o mais interessante do relatório, porque explica a complicada malha de órgãos de segurança encarregada de proteger os principais prédios públicos de Brasília – e como cada um deles falhou no dia do quebra-quebra.

Eliziane afirma que o GSI “não montou os bloqueios que lhe cabiam”, ou seja, não observou as diretrizes do Plano Escudo, encarregado de blindar os gabinetes da Presidência contra tentativas de invasão. G. Dias só se deu conta disso quando os manifestantes já marchavam em direção ao Palácio do Planalto. 

A senadora acrescenta que o Plano Escudo “estava flagrantemente subdimensionado e foi, além disso, mal executado”.

Numa estrutura hierarquizada e com missão de defesa como o GSI, não faz sentido eximir inteiramente o comandante da responsabilidade por aquilo que seus comandados fizeram ou deixaram de fazer.  

O relatório da CPMI ainda será votado, provavelmente nesta quarta-feira (18). A oposição anunciou uma ofensiva contra os indiciamentos propostos por Eliziane, para tentar mitigar os danos. Sua estratégia deveria incluir também uma crítica dura ao tratamento mole reservado pela senadora ao general Gonçalves Dias.

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Carlos Graieb

Carlos Graieb é jornalista formado em Direito, editor sênior do portal O Antagonista e da revista Crusoé. Atuou em veículos como Estadão e Veja. Foi secretário de comunicação do Estado de São Paulo (2017-2018). Cursa a pós-graduação em Filosofia do Direito, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

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