Lula segue passos de Putin ao buscar recorde de gasto em propaganda
A intenção de quase dobrar o gasto em propaganda oficial mostra que Lula está seguindo passos de Putin. O ditador russo fez um movimento muito semelhante entre...
A intenção de quase dobrar o gasto em propaganda oficial mostra que Lula está seguindo passos de Putin. O ditador russo fez um movimento muito semelhante entre 2020 e 2021. Aumentou num percentual menor, 40%, mas já gastava quase dez vezes o que gastamos no Brasil.
Lula pretende passar o orçamento de propaganda oficial de R$ 359 milhões para R$ 647 milhões. É a proposta que o governo submeteu ao Congresso Nacional para a execução orçamentária do ano que vem. Não é algo que automaticamente vira realidade, depende da aprovação dos parlamentares.
O raciocínio simplista sobre propaganda oficial faz com que ela seja mais efetiva e mais perigosa. Muita gente imagina, por exemplo, que televisões ou jornalistas recebem pagamentos para alinhas suas opiniões ao governo. Fosse simples assim, seria possível rastrear e já teríamos resolvido.
Claro que não seria por princípios morais, mas por competição. Um lado político rastrearia o outro, tornaria tudo público e tomaria medidas legais. Isso não é feito porque não é possível, as transações são muito mais complexas e, às vezes, impossíveis de rastrear.
Toda vez que começa um governo existe uma movimentação de influencers e jornalistas para o pólo governista. Não falo aqui de quem deixa seu cargo para efetivamente virar assessor, algo profissional e honrado. Falo de quem finge trabalhar para você, o público, e vira na prática assessor de imprensa de político.
O público percebe isso, mas não vê como funciona essa máquina inteligente e perversa de manipulação via propaganda oficial.
Vejo por aí muitos prints mostrando que tal empresa de televisão ganhou mais em um governo e menos em outro, por exemplo. Na visão simplista, é um batom na cueca. Não é. Há técnicos que vão justificar ou pelo alcance ou pela capacidade de maneira eficiente. Mais importante que isso: não haverá nunca forma de provar que a linha editorial mudou por causa desses repasses. Para o tuiteiro, cronologia e “todo mundo sabe” é prova. Para adultos, não.
O aprendizado social e o que não é dito têm papel importante. Influencers e jornalistas veem as oportunidades que começam a cair no colo de quem se alinha ao governo. Não tem como rastrear, porque não serão oportunidades do governo nem no governo.
Será, por exemplo, com uma agência que está fazendo um podcast para uma empresa pública ou que tem relacionamento governamental importante. Ela quer, vamos dizer, alguém especializado em sustentabilidade, maternidade ou cinema para uma publicação. Começa a ir atrás de quem publica nas redes de forma favorável ao governo da vez.
Pessoas que nem falam de política começam a perceber que, se não estiverem alinhadas ao governo, não terão oportunidades. E aqui não falo de oportunidades no governo, mas com toda e qualquer empresa ou instituição que tenha relações com o governo. Virtualmente, acabam sendo todas.
Putin acaba financiando indiretamente a comunicação de todos os nichos, não só o político. Até o pessoal de humor, esportes e colunismo social só se viabiliza com o aval financeiro do governo. O resultado é a formação de uma hegemonia social.
O povo russo acredita, por exemplo, que vive numa democracia. Isso não é afirmado só pelos propagandistas políticos descarados ou pela publicidade oficial que se reconhece como tal. É algo que está internalizado nos discursos de artistas, socialites, esportistas, humoristas e influencers. É a nova verdade.
Ao quase dobrar sua verba de propaganda, Lula também traz uma proposta preocupante, a de dar ao governo federal oficialmente a tarefa de combater “fake news” ou “desinformação”. Coloco entre aspas porque não há no Brasil definição legal do termo. Além disso, a definição do governo, a de mentira, diverge de todas as correntes de especialistas no tema.
Nem o PT nem Lula são ou já foram democráticos. Respeitam eleições quando necessário, mas são hegemônicos. Permitir que um partido hegemônico agigante sua verba oficial de publicidade é um risco muito grande para a democracia.
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