Lula usa viagens internacionais para revisionismo histórico
Às vezes imagino as reações dos inteligentinhos caso o espetáculo de revisionismo histórico de Lula nessa viagem à África tivesse sido protagonizado por Jair Bolsonaro. A gente já estaria com...
Às vezes imagino as reações dos inteligentinhos caso o espetáculo de revisionismo histórico de Lula nessa viagem à África tivesse sido protagonizado por Jair Bolsonaro. A gente já estaria com hashtag em alta, textões catastrofistas indignados e, se bobear, pedido de impeachment. Inauguramos a era do presidente café com leite.
O país tem problemas de ataques constantes às instituições democráticas, principalmente Supremo Tribunal Federal (STF) e Congresso Nacional. Lula decidiu manter o ritmo. Vai que o pessoal tem uma crise de abstinência.
Em uma tacada só, mentiu de forma a manchar a reputação das duas instituições, como se fossem golpistas. Disse que a Justiça inocentou Dilma Rousseff. Não é verdade. O TRF-1 nem analisou o caso, por considerar que o foro adequado era o Congresso Nacional.
Assim foi feito e resultou no impeachment, supervisionado pelo STF. Agora Lula decide dizer no exterior que o STF e o Congresso Nacional deram um golpe de Estado. Vamos fingir que não é ataque às instituições democráticas?
O revisionismo que tenta apagar da história a Lava Jato não tem, no entanto, intenção de canonizar Dilma. Ao que tudo indica, já estão pavimentando o caminho para a volta da farra das empreiteiras brasileiras em solo africano.
Os CEOs de várias delas estiveram reunidos com o ministro Fernando Haddad e querem um “vale a pena ver de novo” dos empréstimos públicos para seus negócios internacionais.
Por isso é tão importante desimpichar Dilma, para dizer que não havia nada de errado com essas empresas e elas foram falidas injustamente pela Lava Jato. A verdade dolorida é que elas se agigantaram, geriam negócios deficitários — que incluíam até escola de criança em Belo Horizonte e o cafezinho da Câmara dos Deputados — e só davam lucro na área gerida com base em corrupção.
Talvez seja a única forma que essas empresas saibam operar. Elas já passaram por intervenção e fizeram programas rigorosos de compliance. Há quem compare à alemã Siemens, que se reinventou depois de um escândalo. Ocorre que lá foram afastados todos os cabeças envolvidos na história e, aqui, não, uma bela diferença.
Lula vai explorar até a última gota de docilidade de parte da imprensa brasileira para tentar torcer a realidade. Talvez tenha a intenção de reviver seu primeiro mandato, com os acertos e sobretudo com os erros. Resta saber se consegue.
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