Galípolo pode inaugurar uma fase de divergências inéditas no Copom
Em 219 reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, apenas 32 não foram decididas de forma unânime. Na próxima terça-feira, quando os diretores do BC se reunirem para...
Em 219 reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, apenas 32 não foram decididas de forma unânime. Na próxima terça-feira, quando os diretores do BC se reunirem para as discussões de dois dias que, provavelmente, vão inaugurar o esperado ciclo de corte da Selic, o Copom pode ver um nível de divergência inédito e que pode minar a credibilidade da autoridade monetária.
Um levantamento realizado pela equipe de Macro Reseach do Banco Inter, liderada pela economista-chefe Rafaela Vitória, mostra que desde 1999, quando se adotou o regime de metas de inflação no Brasil, nenhuma vez a decisão esteve dividida em mais de duas vertentes.
De acordo com a Ata do Copom de junho, há atualmente no colegiado, pelo menos, dois grupos: os que defendem manutenção ou corte de 0,25 p.p. na taxa básica de juros em agosto (os “mais cautelosos”) e aqueles a favor de um corte de 0,50 p.p.. Na semana que vem, no entanto, Gabriel Galípolo (novo diretor de Política Monetária do BC) e Aílton Aquino (novo diretor de Fiscalização do BC) podem inaugurar uma nova corrente de defesa de cortes ainda maiores.
A desconfiança sobre os dois novos componentes do colegiado está calcada na influência que Lula teria sobre os dois indicados. “O presidente Lula sempre é muito importante ser escutado. É o presidente da República, líder com 60 milhões de votos”, afirmou Galípolo em entrevista logo após ter sido sabatinado pelo Senado. E o petista tem sido um crítico incansável do patamar atual das taxas de juros.
Nesta terça-feira, o mercado aumentou as apostas em um corte de 0,5 p.p. na taxa Selic, após dados do IPCA-15 mostrarem nova deflação. Ainda de acordo com a pesquisa do Banco Inter, as decisões divididas do Copom tipicamente acontecem no início ou no fim dos ciclos de afrouxamento monetário, como agora o que, portanto, não seria incomum.
A novidade seriam três opções diferentes entre os votantes. Quanto ruído extra isso vai trazer para a política monetária ainda é incerto, mas estamos a uma semana da resposta. “Uma decisão com votos em três direções seria bem ruim para a credibilidade do BC, mas acho que com os dados que vimos, teremos apenas a divergência na magnitude do corte“, defende Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter. E sobre os indicados de Lula forçarem posição em cortes mais audaciosos? “Acho difícil, mercado está entre 25 e 50, eles nao viriam com algo muito diferente“, afirma.
Desde fevereiro de 2019, sob a liderança de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil. a única vez que isso ocorreu foi em setembro do ano passado, quando dois diretores achavam que ainda havia espaço para a Selic ir para 14% a.a.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)