Sócio da RK Partners e responsável por diversas reestruturações de empresas no Brasil, Ricardo Knoepfelmacher diz acreditar que muitas companhias de médio e grande porte seguirão o caminho da Americanas (foto), que vive grave crise financeira e está em recuperação judicial. Em entrevista ao Estadão, ele afirmou que o volume de consultas de empresas para reestruturação de dívidas cresceu 300% nos últimos meses. Segundo Ricardo, trata-se da “conjunção de três fatores”.

“A desorganização das cadeias produtivas no pós-Covid aliada à guerra da Ucrânia, que elevou o preço da energia e provocou inflação mundial, além do caos político interno, que acabou fazendo com que o nosso juro básico ficasse altíssimo. Estamos falando de uma taxa de 13,75% ao ano. Uma empresa grande está captando a CDI mais 3%. Uma empresa média, a CDI mais 6%. Isso significa uma taxa de 20% ao ano. É muito difícil uma empresa que esteja alavancada não ter problema.”

Ele ressalta que hoje o grau de alavancagem das empresas, até por causa da crise, é mais ou menos a metade do que a gente via no governo Dilma. “Mas aquelas que estão alavancadas estão passando um perrengue danado, especialmente nos setores dos quais os bancos estão mais apavorados, como varejo. Aí a situação de crédito e de renovação de linhas têm sido dramática. Esse movimento que a gente começa a ver com Americanas é o início de uma onda que virá por aí de empresas médias e grandes pedindo água.”