O espantalho de Lula
Lula não quer Jair Bolsonaro preso, apesar do movimento "sem anistia" turbinado pelo grupo Prerrogativas. Tampouco quer saber de CPI dos Atos Antidemocráticos. Mais cedo, comparou a turba golpista do 8 de janeiro a meros "aloprados" e não terroristas, como quer Alexandre de Moraes...
Lula não quer Jair Bolsonaro preso, apesar do movimento “sem anistia” turbinado pelo grupo Prerrogativas. Tampouco quer saber de CPI dos Atos Antidemocráticos. Mais cedo, comparou a turba golpista do 8 de janeiro a meros “aloprados” e não terroristas, como quer Alexandre de Moraes.
O petista sabe que a ofensiva judicial, embora necessária, pode acirrar ainda mais os ânimos e convulsionar o país. Não que esteja muito preocupado com os desdobramentos sociais, mas a sanha punitivista do Supremo, impulsionada pela esquerda, acabará por transformar Bolsonaro em mártir.
Como alertou há pouco Paulo Coelho no Twitter, “espero que Lula não caia na armadilha de prender o genocida quando ele desembarcar no Brasil”. “Não transformar carrasco em vítima.” O presidente da República já percorreu a via-crúcis de ser processado, condenado e preso. Não há espaço para outro Mandela.
Lula prefere ter Bolsonaro como espantalho, repetindo a estratégia usada desde a pandemia e que lhe garantiu a vitória eleitoral, ainda que apertada. Se os aloprados bolsonaristas virarem terroristas de fato, também não haverá como indultá-los e o Nobel da Paz — que o petista tanto almeja para coroar sua biografia — ficará mais distante.
No fundo, o presidente deve muito ao rival e a seu grupo político. Em apenas quatro anos de gestão, o bolsonarismo matou a Lava Jato, enterrou o debate sobre corrupção, ajudou a reabilitar o próprio Lula, entregou a defesa da democracia à esquerda, interditou a direita no Congresso, nas ruas e nas redes sociais.
Se o movimento bolsonarista acabar, abrirá espaço para o surgimento de uma direita legítima, pragmática, não fascista. Ciente disso, Guilherme Boulos subiu num trio elétrico na segunda-feira para provocar o republicano Tarcísio de Freitas, que desponta como presidenciável para 2026. Quanto mais espantalhos melhor.
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