A precificação da irresponsabilidade de Lula
Desde a sexta-feira passada, quando Fernando Haddad foi anunciado como ministro da Fazenda, a incerteza dos economistas brasileiros sobre a economia do Brasil subiu 0,32%. Pode parecer pouco...
*Por Felipe Pontes
Desde a sexta-feira passada, quando Fernando Haddad foi anunciado como ministro da Fazenda, a incerteza dos economistas brasileiros sobre a economia do Brasil subiu 0,32%. Pode parecer pouco, mas não é dado que já houve uma forte evolução da incerteza desde o término das eleições.
Ao que parece, o futuro governo Lula não está soltando as notícias todas de uma vez para evitar um ‘circuit breaker na bolsa’.
Mais recentemente, vimos mudanças “pequenas” — mas que podem nos antecipar grandes mudanças — na Lei das Estatais. Caso se confirmem, significarão um dos maiores retrocessos na governança corporativa e estatal da história do Brasil.
Tudo isso tem mexido com os ânimos dos participantes do mercado e impactado os níveis de incerteza na economia. Vejamos como se comportou a incerteza dos economistas brasileiros acerca da nossa economia:
– Nos últimos 45 dias, a incerteza aumentou 44,28%
– Desde o início da campanha das Eleições de 2022, a incerteza aumentou 38,03%
– Desde o início da propaganda eleitoral, a incerteza aumentou 38,16%
– Desde o término do 1º turno, a incerteza aumentou 44%
Dados: Índice TC Economatica de Incerteza na Economia (proprietário)
Só pode ser isso. Só pode ser medo de haver um circuit breaker e “manchar” o governo que nem sequer começou – teoricamente. Ou eu estou tentando criar uma história confortável na minha cabeça para tentar entender o que está acontecendo, pois no mesmo dia em que Haddad foi confirmado como ministro da Fazenda – pouquinho antes do jogo que desclassificou o Brasil da Copa do Mundo de 2022, quando o povo brasileiro só queria saber de futebol –, Lula falou que se soltasse todos os nomes de uma vez só os jornalistas ficariam sem notícias.
Talvez a equipe do PT imagine que se soltar tudo de uma vez, a bolsa circuitará. Se pegarmos os dados desde que fomos nos aproximando mais da eleição de Lula, em outubro de 2022, foi como se tivéssemos tido alguns circuit breakers.
Particularmente, preocupação com os jornalistas que não terão pauta não me parece ser um motivo responsável que o futuro presidente do Brasil devesse usar como base para divulgar a equipe que governará o nosso país pelos próximos 4 anos – ao menos. Toda essa incerteza aumentando está diretamente relacionada com o caos que a Bolsa de Valores do Brasil, a B3, está vivendo.
As empresas brasileiras listadas já perderam mais de R$ 630 bilhões nessa brincadeira, pelo aumento do risco/incerteza, mas também pela expectativa de inflação mais alta e também de menos geração de lucro nos anos que nos esperam:
– Nos últimos 45 dias, nossas empresas perderam R$ 565 bi
– Desde o início das campanhas, foram R$ 584 bi
– Desde o início da propaganda eleitoral, foram R$ 533 bi
– A partir do término do 1º turno, R$ 631 bi
A forte queda da bolsa, aumento dos juros e dólar estão relacionados com o aumento da incerteza na economia brasileira. Resta sabermos se o governo está fazendo isso de propósito, de modo a ter “estatísticas” melhores a partir do ano que vem, ou se é apenas falta de planejamento e competência. Não sei qual dessas minhas hipóteses mais me preocupa.
* Felipe Pontes é PhD em contabilidade e COO da Economatica
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