Com certeza o leitor sabe que, quando falo em onda de calor, estou me referindo ao Hemisfério Norte.

Hoje pela manhã, enquanto fazíamos a reunião de pauta da Inv, que é o momento em que definimos o tema e o redator do Relatório Especial diário, por coincidência, recebi um WhatsApp de minha filha caçula, que mora em Londres, com o quadro climático local.

Naquele exato momento, 13h20 na capital inglesa, a temperatura estava em 36º centígrados. Para amanhã, a máxima prevista é de 39º.

Se fizermos uma analogia dos números do calor na Europa com as cotações de mercado, poderíamos dizer, sem medo de errar, que o aquecimento global está em um bull market perpétuo.

O padrão dessa heat wave é higher high, higher low. Isso significa que, com algumas exceções que confirmam a regra, a cada ano que passa, a temperatura máxima no verão é maior do que a do ano anterior. O mesmo acontece com a mínima.

Mil pessoas já morreram neste verão na Europa. Infelizmente, esse número tende a aumentar.

Nos Estados Unidos, as pessoas estão mais preparadas para o calor. A maior parte das casas tem ar-condicionado, assim como os transportes públicos. Mas isso não livra os americanos dos incêndios florestais, que se concentram na Costa Oeste.

Já na Europa, o fogo nas florestas tem maior intensidade em Portugal, na Espanha e Grécia.

Essa mudança climática vai afetar as safras de boa parte dos países do mundo, impactando o nosso bolso.

Na Itália, por exemplo, a seca poderá causar a perda de um terço da produção agrícola.

Tudo indica que os mercados internacionais de commodities, não só agrícolas como os de combustíveis fósseis (aumento do uso de ar-condicionado no verão), serão a tônica dos próximos anos, possivelmente décadas, até que a humanidade se renda totalmente ao óbvio:

O planeta Terra está incandescendo.

Conclusão óbvia: estamos num weather market que não tem prazo para terminar.

Ivan Sant’Anna, trader, escritor e colunista na Inv Publicações.

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