Moro deputado
Sergio Moro deve ganhar da União Brasil mais alguns limões. A vaga para disputar o Senado será entregue ao vereador Milton Leite, peça fundamental para o apoio da legenda a Rodrigo Garcia, que, ontem, se reuniu com poderosos empresários na mansão do advogado Nelson Williams, em São Paulo...
Sergio Moro deve ganhar da União Brasil mais alguns limões. A vaga para disputar o Senado será entregue ao vereador Milton Leite, peça fundamental para o apoio da legenda a Rodrigo Garcia, que, ontem, se reuniu com poderosos empresários na mansão do advogado Nelson Williams, em São Paulo.
Todos reiteraram o compromisso em torno da reeleição do tucano, que aumentará progressivamente sua exposição pública nas próximas semanas.
Na prática, significa que o ex-juiz só terá apoio do partido para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. Do lado de fora, a percepção é de que Moro, que sonhava com a Presidência da República, levou mais uma rasteira e apequenou-se de vez.
Como escrevi me fevereiro, ser deputado federal não é pouca coisa. Ulysses Guimarães nunca foi senador, governador ou presidente. Na Câmara, conduziu a elaboração da Constituição de 1988. Goste-se ou não do texto que ainda vigora, certo que o emedebista entrou para a história.
Moro já está na história como o juiz que conduziu a maior operação anticorrupção deste país. Como político, porém, é apenas um estreante pouco articulado. Tolice imaginar que seria carregado nos braços do povo até o Palácio do Planalto, como num passe de mágica.
Muitos apoiadores de Moro se sentiram traídos ao vê-lo, no lançamento da pré-candidatura de Luciano Bivar, sentado à mesa com ex-nomes das planilhas da Odebrecht e da JBS. Mas a eleição de Jair Bolsonaro e a posterior destruição da Lava Jato já mostraram como o sistema pode ser resiliente.
Se Moro quer “fazer a coisa certa” na política, deve abraçar a candidatura a deputado e buscar atrair outros nomes qualificados, evitando servir como puxador de votos de personagens menores. Pode negociar desde já o apoio do partido ao comando de uma comissão estratégica, como a CCJ.
Na Câmara, o ex-juiz terá chance de se reconectar com a sociedade. A seu favor, ele tem a matemática. As intenções de voto do ex-ministro lhe dão poder político e financeiro para eleger entre 10 e 12 deputados, o que representa entre R$ 230 a R$ 300 milhões em fundo eleitoral. Não é pouca coisa.
Faça uma limonada, Moro.
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