Reações às pesquisas: Bolsonaro calado avança, Lula busca o centro e 3ª via acuada Reações às pesquisas: Bolsonaro calado avança, Lula busca o centro e 3ª via acuada
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Reações às pesquisas: Bolsonaro calado avança, Lula busca o centro e 3ª via acuada

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Diego Amorim
7 minutos de leitura 25.03.2022 16:19 comentários
Brasil

Reações às pesquisas: Bolsonaro calado avança, Lula busca o centro e 3ª via acuada

O Antagonista ouviu presidentes de partidos e lideranças políticas petistas, bolsonaristas e da chamada Terceira Via sobre os resultados das últimas pesquisas eleitorais. Lula continua liderando as intenções de voto, com poucas variações. Mas Jair Bolsonaro mostrou algum fôlego nos levantamentos mais recentes...

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Diego Amorim
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Reações às pesquisas: Bolsonaro calado avança, Lula busca o centro e 3ª via acuada
Fotos: Adriano Machado/Crusoé

O Antagonista ouviu presidentes de partidos e lideranças políticas petistas, bolsonaristas e da chamada Terceira Via sobre os resultados das últimas pesquisas eleitorais. Lula continua liderando as intenções de voto, com poucas variações. Mas Jair Bolsonaro mostrou algum fôlego nos levantamentos mais recentes.

Leia também: Está tudo decidido (mas não está)

Para o presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, é preciso levar em conta que, historicamente, quem comanda a máquina administrativa “gasta mais em ano eleitoral e costuma subir” nas pesquisas.

“Mas como Bolsonaro insiste em continuar fazendo tudo errado, como manter no cargo o ministro da Educação, Milton Ribeiro, que deveria ter sido demitido no mesmo dia em que explodiu o escândalo dos pastores-lobistas, eu não duvido de que, mesmo com a máquina, o atual presidente chegue à eleição desgastado.”

Em consonância com todas as pesquisas divulgadas até aqui, Ribeiro avalia que, no cenário de hoje, Lula venceria. “E se Lula voltar, a culpa será do Bolsonaro”, acrescentou ele. O Novo tem a pré-candidatura presidencial do cientista político Luiz Felipe d’Ávila.

Simone Tebet, pré-candidata do MDB ao Planalto, disse acreditar nas pesquisas como “fotografias do momento”. A senadora ainda aposta na viabilidade eleitoral de uma até então inexistente candidatura unificada do centro. Simone argumentou que a eleição deste ano será “a mais importante desde a redemocratização” e, em razão disso, no entender dela, há espaço para o imponderável.

“Lula e Bolsonaro são dois candidatos com grande rejeição. As pessoas estão menosprezando a capacidade de o eleitor ter a compreensão da dimensão do problema e, assim, querer encontrar uma solução. Eu não acredito que a população já tenha jogado a toalha.”

O presidente do MDB, deputado Baleia Rossi, concorda com Simone e sustenta que as últimas pesquisas, com a consolidação de Lula na dianteira e Bolsonaro em segundo, “sinalizam que a saída para o centro é se unir”.

O deputado Paulinho da Força, que preside o Solidariedade e já fechou apoio a Lula, disse reconhecer que Ciro Nogueira, o ex-lulista ministro da Casa Civil, “está conseguindo um prêmio por conseguir fazer o Bolsonaro ficar um pouco quieto”. Essa análise, acrescentou Paulinho, precisaria fazer o PT entender que será fundamental “ampliar alianças para além da esquerda”.

“Se ficar quieto, o Bolsonaro vai crescer. A eleição não está ganha para o Lula. A minha função nesta história toda é tentar levar o Lula para além da esquerda. A ida do Geraldo Alckmin para o PSB é positiva, mas precisaremos de mais do que isso. Precisaremos ampliar alianças e puxar o Lula mais para o centro, atraindo, por exemplo, MDB e PSD.”

Paulinho afirmou também que a Terceira Via “está na pindaíba” e a polarização entre Lula e Bolsonaro não vai se desfazer. Roberto Freire, presidente do Cidadania, que formou federação com PSDB, ponderou que “ainda está muito longe” da eleição — restam pouco mais de seis meses — e “tudo até aqui é pré-campanha”.

“Um mês atrás, você podia dizer que Bolsonaro estava caindo e nem iria para o segundo turno. Hoje, a avaliação pode ser de que ele ganhou algum fôlego. Daqui a um mês, tudo pode mudar de novo. Se Bolsonaro tem chance ainda? Eu não sei. Vai depender de tudo: da economia, da política. Eu estou preocupado em criar chances para uma alternativa a Lula e Bolsonaro.”

Uma liderança da União Brasil — partido resultante da fusão entre DEM e PSL e que, em tese, também trabalha por uma candidatura de centro — disse, em reservado, que, “em uma análise pura e simples, o cenário de polarização [entre Lula e Bolsonaro] está consolidado”.

“Não vejo mais nenhum outro nome se viabilizando. João Doria está derretido. Sergio Moro e Ciro Gomes, patinando. Nesse cenário, se o Bolsoanro ficar calado, ele terá alguma competitividade. Hoje, o Lula estaria eleito. Mas se o combustível não aumentar mais, o dólar continuar abaixando, a guerra acabar… Bolsonaro terá alguma chance. Ele ainda pode melhorar: vai depender da economia e dele mesmo. E o Lula não apanhou nada do que tem para apanhar.”

O senador Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo Bolsonaro no Congresso, afirmou que “pesquisas no Brasil, nas últimas eleições, têm sido certeza de dúvida”, mas acrescentou que, “a cada hora que passa, fica mais nítida a polarização” entre Lula e o atual presidente. Para Gomes, que estuda a possibilidade de migrar para o PL, há uma tendência de queda do petista e subida de Bolsonaro nas pesquisas dos próximos meses.

“Vai ser uma eleição apertada, claro, mas os números indicam que Bolsonaro é competitivo. Na minha opinião, há todos os elementos para se enxergar que o presidente tem uma certa vantagem. Bolsonaro vem apanhando muito e há muito tempo e, na campanha, ele terá tempo para mostrar os avanços do governo.”

Leia também: Há uma leve brisa a favor de Jair Bolsonaro

O deputado André Figueiredo, líder na Câmara do PDT, partido de Ciro Gomes, disse que a leve melhora de Bolsonaro nas pesquisas é reflexo de ações do governo como o Auxílio Brasil, que substituiu o Bolsa Família.

“Mas não há que se esquecer de que a inflação desenfreada será diretamente associada a este péssimo governo. Bolsonaro será um candidato, de novo, sem conteúdo algum. Isso contribui para o crescimento de alternativas viáveis”, emendou.

Do lado do PT, há um esforço em não demonstrar preocupação alguma com as últimas pesquisas.

“As variações estão dentro da margem de erro. Não houve nenhuma grande variação. Na verdade, até aqui, todas as pesquisas parecem ser as mesmas, com raríssimas exceções. Eu não vejo mudança. A persistir o quadro atual da economia, não haverá modificação muito grande no cenário eleitoral. Para o povo, o que vale é a inflação, é o preço dos alimentos”, disse o deputado petista Enio Verri, do Paraná.

O deputado José Guimarães, do PT do Ceará, afirmou que “a Terceira Via está liquidada” e a eleição “vai se dar em torno de duas propostas e personalidades que são antagônicas”.

“Lula tem chance de ganhar no primeiro turno. Mas nós vamos nos preparar para ganhar a eleição, no primeiro ou no segundo turno. Vamos comparar os oito anos do governo Lula com os quatro anos deste governo.”

O também petista Arlindo Chinaglia, de São Paulo, que já presidiu a Câmara, disse que “há muitos meses Lula se mantém na dianteira, Bolsonaro está em segundo e a Terceira Via não deslancha”. Para ele, Lula conseguirá se distanciar de Bolsonaro com o início da campanha, ainda que o atual presidente pareça melhor em estados das regiões Norte e Centro-Oeste.

“Se analisarmos somente os números do segundo turno, não há projeção alguma que indique Lula realmente ameaçado. E é bom compor essa análise com a de outras pesquisas, como as de São Paulo e de Minas Gerais, que mostram o Lula à frente. Na minha opinião, Lula vai ganhar as eleições, mas não se pode partir do pressuposto de que nada será inalterado. É tudo próprio de campanha.”

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Diego Amorim

Se formou em jornalismo pela UnB. Trabalhou no Blog do Noblat e no Correio Braziliense. Gosta da notícia e dos bastidores dela em qualquer área. Entre outros prêmios, ganhou duas vezes o Esso de Informação Econômica e duas vezes o Embratel. Está em O Antagonista desde abril de 2016, quando se juntou à equipe para a cobertura do impeachment de Dilma Rousseff. Desde então, não tem dado sossego a políticos de todos os partidos em Brasília. É chefe de redação de O Antagonista em Brasília.

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