Mourão, ao explicar rusgas com Bolsonaro: “Você não pode ouvir só aquilo que acha que é bom”
Em entrevista a O Antagonista, Hamilton Mourão confirmou nesta terça-feira (22) que "tudo indica" que se filiará ao Republicanos para disputar uma vaga no Senado pelo Rio Grande do Sul, seu estado. Nacionalmente, ele afirmou que fará campanha pela reeleição de Jair Bolsonaro. "Eu estou com o presidente Bolsonaro. Em eu sendo vice-presidente dele, pela minha formação, pela minha forma de agir...
Em entrevista a O Antagonista, Hamilton Mourão confirmou nesta terça-feira (22) que “tudo indica” que se filiará ao Republicanos para disputar uma vaga no Senado pelo Rio Grande do Sul, seu estado.
Nacionalmente, ele afirmou que fará campanha pela reeleição de Jair Bolsonaro.
“Eu estou com o presidente Bolsonaro. Em eu sendo vice-presidente dele, pela minha formação, pela minha forma de agir, pela minha maneira de pensar, eu vou apoiá-lo nesse processo aí.”
Lembramos o vice-presidente de que o nome dele chegou a ser ventilado, no ano passado, para uma possível Terceira Via.
“Eu jamais concorreria contra o Bolsonaro. Entendeu? Jamais isso aí… Seria, dentro da minha visão, absurdamente desleal”, reagiu.
Perguntamos a Mourão quando ele percebeu de que não seria o vice na chapa à reeleição.
“Foi uma construção, foi um processo que começou ali, praticamente, desde que a gente assumiu o governo. Eu tenho as minhas opiniões, obviamente. E eu jamais vou me furtar de dar a minha opinião. Eu acho que isso é fundamental num processo decisório. Num processo decisório, você não pode ouvir só aquilo que você acha que é bom. Você tem que ouvir o lado contrário também, para que você tome uma decisão melhor. A partir daí, eu vi que o presidente não ficava muito satisfeito com algumas das minhas visões e isso foi evoluindo até que, a partir ali do final do ano passado, ficou muito claro para mim que eu não estava mais nos planos dele.”
Negando ter ficado chateado com a decisão do presidente, Mourão comentou que “não pode se frustrar por pequenas coisas”.
“Não, não fiquei [chateado]. É aquela história: eu cheguei a vice-presidente da República não como uma tábua para mim, eu cheguei devido ao passado que tive, por isso o presidente me chamou. Eu passei 46 anos no Exército, fui de cadete a general, comandei tudo aquilo que você podia esperar comandar, fui muito feliz na minha vida militar. Então, eu não tinha outras pretensões a partir do momento em que eu terminei a vida militar. Quando você chega na minha idade também [68 anos], você entende que não pode se frustrar por pequenas coisas, você tem que sentir, vamos dizer, tristeza ou ficar irritado quando coisas muito maiores acontecem e você não tem como resolver.”
Quisemos saber de Mourão se houve algum episódio específico em que as divergências com Bolsonaro ficaram mais latentes.
“Não vejo. É que a minha visão é que a gente sempre tem que procurar a melhor forma de solucionar os problemas. A gente tem que ter um processo decisório organizado, de modo que a gente consiga atingir o objetivo que a gente quer. Ser mais, vamos dizer assim, frio com as coisas, e não reagir sempre pelo coração.”
Bolsonaro demonstrou inveja ou ciúme?
“Julgo que não. O presidente tem a maneira de ser dele. Conheço o Bolsonaro desde capitão, já vão 37 anos. Essa aí sempre foi a maneira de ele agir, não acho que ele tenha algum tipo de ciúme. Isso é até bobagem.”
Segundo Mourão, a vaga de vice na chapa à reeleição “ainda está em aberto”.
“Algumas coisas aí indicam que poderia ser o ministro [da Defesa] Braga Netto, mas também pode ser que o presidente opte por alguém do meio político. Então, ainda está em aberto isso aí.”
Também perguntamos se, em algum momento, Mourão se preparou para um eventual impeachment de Bolsonaro.
“Em momento algum. Eu sempre disse: ‘Ó, isso aí não prospera’. Então, eu tive muita tranquilidade nisso. Eu via mais como um jogo político, por dois aspectos: primeiro, porque não havia pressão das ruas, nunca houve pressão das ruas pelo impeachment do presidente, mesmo considerando que nós tivemos dois anos de pandemia; em segundo lugar, o presidente conseguiu construir uma maioria dentro do Congresso, não uma maioria absoluta, mas uma maioria que impediria que qualquer processo desses prosperasse. Por isso, em nenhum momento me preocupou que houvesse impeachment.”
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