Guedes não gostou do guru econômico de Moro
A notícia de que Affonso Celso Pastore está guiando Sergio Moro na economia irritou profundamente Paulo Guedes, segundo interlocutores ouvidos por O Antagonista. O ministro, que foi chamado por Pastore de "cheerleader" do governo Bolsonaro, vê no guru econômico de Moro "uma via para o tucanato voltar ao poder"...
A notícia de que Affonso Celso Pastore está guiando Sergio Moro na economia irritou profundamente Paulo Guedes, segundo interlocutores ouvidos por O Antagonista. O ministro, que foi chamado por Pastore de “cheerleader” do governo Bolsonaro, vê no guru econômico de Moro “uma via para o tucanato voltar ao poder”.
Em setembro, durante entrevista, Guedes disse que Pastore criticava sua gestão por não conseguir “entender o programa”. “Tem um treinamento com deficiências na Teoria do Equilíbrio Geral”, disse o ministro, na ocasião.
Hoje, ele comentou com assessores que Moro estaria “assumindo o lugar de Luciano Huck”, então assessorado por economistas ligados à Casa das Garças e ao Centro de Debates de Políticas Públicas (CDPP). “Vai ser o candidato da Globo.”
A crítica pode ser encarada como elogio, considerando que o próprio Guedes foi um entusiasta da candidatura de Huck ainda antes de 2018. Estão ligados aos dois think tanks mencionados economistas experientes, como Edmar Bacha, Armínio Fraga, Elena Landau, Ilan Goldfajn e Mário Mesquita.
Moro esteve na Casa das Garças em agosto, enquanto Jair Bolsonaro desferia ataques diários ao Judiciário e ao sistema eleitoral e Guedes tentava defendê-lo. Uma das reações mais fortes à ofensiva bolsonaristas veio através de um manifesto em defesa da democracia, capitaneado pelos dois think tanks e que obteve mais de 17 mil assinaturas.
Na ocasião, a economista Eliana Cardoso, que também assinou o documento, defendeu o surgimento de “um nome de oposição a Bolsonaro que não polarize a sociedade e que possa criar uma unidade a favor da democracia, da liberdade de imprensa, e de uma sociedade que respeite nossos valores republicanos”.
Um mês antes, Pastore reiterava suas críticas a Lula e Bolsonaro, em entrevista ao Valor, e clamava por uma alternativa. “Vai ter gente que vai dizer o seguinte: era melhor que Deus nos desse um terceiro nome. Deus, eu não sei se é brasileiro, eu acho que ele não quer se meter nesse tipo de briga, (mas) eu adoraria que Ele interferisse.”
Guedes foi quem articulou a entrada de Moro no governo Bolsonaro. A política dá voltas.
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