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Ciro Gomes, o neolavajatista eleitoral

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Redação O Antagonista
6 minutos de leitura 22.12.2021 17:00 comentários
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Ciro Gomes, o neolavajatista eleitoral

Em 2021, Ciro Gomes viveu um ano eleitoral antecipado. De olho na disputa presidencial de 2022, o pedetista tentou, de todas as formas, vender-se como alternativa democrática entre Lula e Jair Bolsonaro. Para isso, Ciro não poupou críticas ao PT. Em fevereiro, o pré-candidato deu o tom de qual seria sua estratégia. "Nesse quadro de hiperfragmentação, quem for contra o Bolsonaro no segundo turno tem tendência de ganhar a eleição. O menos capaz disso é o PT. Por isso, a minha tarefa é necessariamente derrotar o PT no primeiro turno", disse Ciro.  

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Ciro Gomes, o neolavajatista eleitoral
Foto: Adriano Machado/Crusoé

Em 2021, Ciro Gomes viveu um ano eleitoral antecipado. De olho na disputa presidencial de 2022, o pedetista tentou, de todas as formas, vender-se como alternativa democrática entre Lula e Jair Bolsonaro.

Para isso, Ciro não poupou críticas ao PT.

Em fevereiro, o pré-candidato deu o tom de qual seria sua estratégia.

“Nesse quadro de hiperfragmentação, quem for contra o Bolsonaro no segundo turno tem tendência de ganhar a eleição. O menos capaz disso é o PT. Por isso, a minha tarefa é necessariamente derrotar o PT no primeiro turno, disse Ciro.

Os ataques a Lula se intensificaram depois que o STF anulou as condenações do petista na Lava Jato. Ciro, que sempre denunciou supostas irregularidades cometidas durante a operação, passou a afirmar com mais clareza que o ex-presidiário não é inocente.

Ao mesmo tempo, Ciro buscou associar sua imagem às de outros possíveis candidatos da terceira via. Em março, com o recrudescimento dos ataques de Jair Bolsonaro à democracia e ameaças de golpe de estado, o pedetista divulgou um manifesto ao lado de Luiz Henrique Mandetta, João Amoêdo, Eduardo Leite, Luciano Huck e João Doria.

Ciro esboçou, ainda, alianças estaduais com o DEM, de ACM Neto, o PSD, de Gilberto Kassab, e com o PSB.

Em abril, o PDT contratou um reforço de peso para a pré-campanha de Ciro: o marqueteiro João Santana, o “Feira” das planilhas da Odebrecht, condenado na Lava Jato. Pois é.

Responsável pelas campanhas de Lula e Dilma Rousseff, Santana passou a receber R$ 250 mil por mês do PDT para cuidar da estratégia eleitoral de Ciro.

Sob os comandos do “Feira”, Ciro adotou a rosa, símbolo de seu partido, como um elemento de sua campanha. Em várias peças publicitárias, o pedetista aparece entregando uma rosa ao espectador.

A entrada do marqueteiro condenado na Lava Jato também implicou o aumento dos ataques a Lula. Ciro passou a se referir ao ex-presidiário como “o maior corruptor da história do Brasil”. João Santana deve saber do que o seu presidenciável está falando.

As declarações do pedetista provocaram ira no Partido dos Trabalhadores. Gleisi Hoffmann chegou a afirmar que Ciro é “pior que Bolsonaro”.

À medida que Lula ampliava sua vantagem nas pesquisas eleitorais nos meses subsequentes, o pedetista passou a buscar novos caminhos para se aproximar do eleitorado de centro.

Em setembro, Ciro aceitou o convite do MBL para um ato na Avenida Paulista pelo impeachment de Jair Bolsonaro. O presidenciável, que sempre criticou o movimento e até já agrediu Arthur do Val, tentou deixar as diferenças de lado e discursou no ato.

O evento também contou a participação de uma série de possíveis postulantes da Terceira Via, como Mandetta, Simone Tebet, João Doria, João Amoêdo e Alessandro Vieira, mas acabou sendo um fiasco, com muito menos adesão do que o esperado.

Ciro foi duramente criticado por movimentos de esquerda, sobretudo porque, inicialmente, o slogan dos protestos era “nem Lula, nem Bolsonaro”.

Em outubro, as relações conseguiram piorar, depois que o pré-candidato trocou xingamentos com Dilma no Twitter. Ciro chamou a ex-presidente de “incompetente” e disse que errou ao lutar contra o seu impeachment.

Segundo ele, Lula teria atuado a favor da queda da petista, em 2016.

Dilma rebateu chamando Ciro de “machista”. O ex-presidiário disse que a Covid pode ter afetado o cérebro de Ciro.

Em outubro, o pedetista decidiu suspender sua pré-candidatura à Presidência depois que 15 dos 24 deputados do PDT votaram a favor da PEC dos Precatórios, no primeiro turno da votação na Câmara.

O texto dá um calote em sentenças judiciais, cria um rombo no teto de gastos e abre caminho para Bolsonaro turbinar sua eleição por meio de um novo Bolsa Família.

Ciro Gomes e seu irmão Cid foram alvos de uma operação da PF em dezembro, em uma investigação que apura supostas fraudes e pagamentos de propinas nas obras no estádio Castelão, entre 2010 e 2013. Na época, Cid era governador do estado.

O presidenciável se disse vítima de perseguição política.

Atrás de Sergio Moro nas pesquisas, Ciro Gomes está num dilema: ao relembrar a corrupção de Lula, ele faz propaganda para o ex-juiz que prendeu o chefão petista; se não relembrar, não se coloca como opção à esquerda. Para completar, ele ainda pode levar uma rasteira do PDT: como a sua candidatura não decola, o seu partido poderá bandear-se para o lado de Lula. Se isso ocorrer, Ciro vai compor com quem chamou de “maior corruptor da história do Brasil”?

Esse caminho foi aberto justamente pela operação da PF como disse Mario Sabino na Crusoédepois que o chefão petista lhe deu uma piscadela, condenando a operação da PF, Ciro Gomes negou que tenha chamado Lula de ladrão: ‘Agradeço o gesto democrático do presidente Lula em denunciar isso que eu sofri. A violência que aconteceu contra mim é para me calar, e eu apenas disse que vou continuar dizendo o que penso. Eu não acho que o Lula seja um ladrão, eu nunca disse isso’. Como explicar essa mentira? É porque o chefão petista aproveitou a oportunidade para dar uma porta de saída a Ciro Gomes e faturar com isso. Como o pedetista não tem chance de fazer decolar a sua candidatura ao Palácio do Planalto, e o seu partido quer que ele desista, para não gastar dinheiro do fundo eleitoral à toa, o ainda candidato poderá aderir a Lula sem vergonha, afirmando que passará a integrar uma ‘frente democrática’ contra um presidente autoritário que quer transformar o Brasil numa ditadura militar e do qual ele, Ciro Gomes, foi vítima com a operação da PF. Esse script da ‘frente democrática’ já está previsto para Geraldo Alckmin, aquele que, como o pedetista, acusava Lula de ser corrupto”.

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