Manifesto apoiado por Fiesp e Febraban vaza e presidente do BB pede reunião de emergência
Apesar da decisão da Fiesp de adiar a divulgação do manifesto de apoio à democracia -- e críticas indiretas a Jair Bolsonaro --, o documento vazou para a imprensa. Nele, entidades representantes da indústria, dos bancos, além de comércio e serviços, reafirmam a independência dos Três Poderes e pedem "serenidade e diálogo" diante da "escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas"...
Apesar da decisão da Fiesp de adiar a divulgação do manifesto de apoio à democracia — e críticas indiretas a Jair Bolsonaro –, o documento vazou para a imprensa. Nele, entidades representantes da indústria, dos bancos, além de comércio e serviços, reafirmam a independência dos Três Poderes e pedem “serenidade e diálogo” diante da “escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas”.
Em reação ao vazamento, conforme apurou O Antagonista, o Banco do Brasil enviou email aos demais bancões solicitando uma reunião emergencial para as 15h. Como registramos mais cedo, BB e Caixa ameaçaram deixar a Febraban, em caso de divulgação do manifesto.
Os dois bancos públicos representam mais de 22% do orçamento da entidade.
Além de Febraban e Fiesp, haviam assinado o documento mais de 200 associações empresariais, como Fenabrave, Fecomércio, Abag (agronegócio), Instituto Brasileiro da Árvore (celulose e papel), Abinee (indústria elétrica e eletrônica), Alshop (lojistas de Shopping), Sociedade Rural Brasileira e o IDV (varejo).
O trecho que desagradou a cúpula da Caixa e do BB é o que fala em “foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos”.
No entendimento do governo e dos dirigentes dos bancos públicos, “há um erro básico em dizer que o país não está gerando empregos, pois o Caged está há pelo menos 7 meses com saldo positivo”.
Leia a íntegra do manifesto intitulado “A praça é dos três poderes”:
“A praça dos Três Poderes encarna a representação arquitetônica da independência e harmonia entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, essência da República. Esse espaço foi construído formando um triângulo equilátero, cujos vértices são os edifícios-sede de cada um dos poderes.
Esta disposição deixa claro que nenhum dos prédios é superior em importância, nenhum invade o limite dos outros, um não pode prescindir dos demais. Em resumo, a harmonia tem de ser a regra entre eles.
Este princípio está presente de forma clara na Constituição Federal, pilar do ordenamento jurídico do país. Diante disso, é primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição nos impõe.
As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas. O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos e assim possa reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população.
Mais do que nunca, o momento exige do Legislativo, do Executivo e do Judiciário aproximação e cooperação. Que cada um atue com responsabilidade nos limites de sua competência, obedecidos os preceitos estabelecidos em nossa Carta Magna. Este é o anseio da Nação brasileira.”
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