“Agora não é mais comprar todas as vacinas que têm. Temos que comprar as que funcionam”
Nelson Teich, ex-ministro da Saúde, em conversa com O Antagonista, voltou a dizer que governos federal e locais parecem estar agindo sem qualquer planejamento em meio ao agravamento da pandemia da Covid-19. Ele disse que ficar tentando prever número de mortes não ajuda muito e acredita que o mais importante a ser feito continua sendo algo que é dito desde o início da pandemia...
Nelson Teich, ex-ministro da Saúde, em conversa com O Antagonista, voltou a dizer que governos federal e locais parecem estar agindo sem qualquer planejamento em meio ao agravamento da pandemia da Covid-19.
Ele disse que ficar tentando prever número de mortes não ajuda muito e acredita que o mais importante a ser feito continua sendo algo que é dito desde o início da pandemia: o rastreamento de casos. As medidas restritivas, para Teich, estão sendo impostas sem um trabalho de inteligência de dados.
“Seria necessário criar urgentemente um forte programa de rastreamento, para saber o que faz a doença aumentar e onde ela está aumentando. Fechar tudo dois dias e deixar cinco dias aberto, fechar de noite e abrir pela manhã: não sei qual vai ser a diferença disso. Teríamos que tentar rastrear os casos novos. Parece que estão tomando decisões sem dados concretos.”
O ex-ministro, que sucedeu Luiz Henrique Mandetta e ficou menos de um mês no cargo, também afirmou que não adianta esperar resultado de medidas que estão sendo tomadas somente agora.
“Em termos práticos, qualquer coisa que façamos hoje só terá efeito daqui a duas semanas. Nada do que for feito agora vai mudar o cenário das próximas duas semanas. O que pode ser feito é cuidar e preparar o sistema para o que já vai vir e, insisto, rastrear os casos para conseguirmos minimamente prever o que vai acontecer. Agora é se estruturar para cuidar do que vem em função do que aconteceu nas últimas semanas, seja por causa das variantes, seja porque as pessoas passaram a interagir mais. Mas, se não mapear, adiantará muito pouco.“
Teich insistiu que “as coisas não parecem estar sendo feitas com planejamento estratégico” no Brasil e reforçou o alerta sobre o risco de a vacinação em massa não ser a panaceia que se espera.
“Estamos vendo aumentar a prevalência das variantes. Qual a eficácia da vacina nas variantes? Se a vacina funcionar menos e a prevalência da variante for muito alta, a possibilidade de o futuro melhorar com a vacinação cai. E temos que nos preparar para isso. Precisamos dessa resposta muito rápido. Agora não é mais comprar todas as vacinas que têm. Temos que comprar as vacinas que funcionam. Não vai adiantar mais sair correndo agora.“
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