Villas Bôas, sobre tuíte na véspera do julgamento de Lula: “Continuo avaliando-o como oportuno”
Como noticiamos ontem, o general Eduardo Villas Bôas revelou que suas postagens no Twitter em 2018, na véspera de o STF julgar habeas corpus de Lula para recorrer da condenação em liberdade, foram articuladas e “rascunhadas” em conjunto com o Alto Comando do Exército...
Como noticiamos ontem, o general Eduardo Villas Bôas revelou que suas postagens no Twitter em 2018, na véspera de o STF julgar habeas corpus de Lula para recorrer da condenação em liberdade, foram articuladas e “rascunhadas” em conjunto com o Alto Comando do Exército.
As declarações fazem parte do livro “General Villas Bôas: Conversa com o Comandante”, recém-lançado pela Editora FGV, a partir de depoimentos concedidos pelo ex-comandante do Exército (nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer) em agosto e setembro de 2019.
Leia o relato de Villas Bôas na obra:
“A mensagem contida naquele tuíte só pode ser interpretada com propriedade dentro das condicionantes em que ocorreu. No texto, a palavra-chave é ‘impunidade’. Relembrando aquele episódio, continuo avaliando-o como oportuno. Desencadeou uma enxurrada de demonstrações de apoio que me surpreenderam. Não foi em busca desse apoio que nos manifestamos, o que teria sido uma atitude demagógica. Recebi também uma quantidade ponderável de críticas, esperadas e compreensíveis por parte de alguns articulistas. Houve um colunista que disse que a anarquia militar havia voltado. Não tínhamos a pretensão de que algum juiz alterasse seu voto. Logicamente, o voto da ministra Rosa Weber já estava redigido naquele momento.
O país, desde algum tempo, vive uma maturidade institucional não suscetível a possíveis rupturas da normalidade. Ademais, eu estaria sendo incoerente em relação ao pilar da ‘legalidade’. Tratava-se de um alerta, muito antes que uma ameaça. Duas motivações nos moveram. Externamente, nos preocupavam as consequências do extravasamento da indignação que tomava conta da população. Tínhamos aferição decorrente do aumento das demandas por uma intervenção militar. Era muito mais prudente preveni-la do que, depois, sermos empregados para contê-la. Internamente, agimos em razão da porosidade do nosso público interno, todo ele imerso na sociedade. Portanto, compartilhavam de ansiedade semelhante. Nenhum receio de perda de coesão ou de ameaça à disciplina, mas era conveniente tranquilizá-lo.”
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