Força, Fux, enfrente a tormenta
Como acabamos de publicar, o ministro Luiz Fux, novo presidente do Supremo Tribunal Federal, disse o seguinte no seu primeiro discurso à frente do Conselho Nacional de Justiça: "O momento não é fácil. Mas o tempo é sábio e ele sabe que não pode separar o inseparável. Então, quem sabe os nossos destinos se cruzaram para que, juntos, possamos enfrentar este momento tormentoso, momento muito tormentoso, diria mesmo um mar de tormenta. Muito embora naveguemos hoje pela internet, estamos navegando também num mar tormentoso...
Como acabamos de publicar, o ministro Luiz Fux, novo presidente do Supremo Tribunal Federal, disse o seguinte no seu primeiro discurso à frente do Conselho Nacional de Justiça:
“O momento não é fácil. Mas o tempo é sábio e ele sabe que não pode separar o inseparável. Então, quem sabe os nossos destinos se cruzaram para que, juntos, possamos enfrentar este momento tormentoso, momento muito tormentoso, diria mesmo um mar de tormenta. Muito embora naveguemos hoje pela internet, estamos navegando também num mar tormentoso. Tenho a certeza que com o apoio de todos, sem qualquer demagogia, com a minha maneira simples de trabalhar, nós vamos fazer essa travessia, mas tenho certeza que nós estamos muito mais perto do porto do que do naufrágio. Que Deus nos ajude.”
Fux não foi específico. Não se exclui que tenha feito referência a uma série de problemas, como a pandemia, o contexto político-econômico, a tentativa de desmonte da Lava Jato e a herança de Dias Toffoli, como mostrou a Crusoé nas últimas duas semanas, em reportagens que não repercutiram na imprensa, mas provavelmente calaram fundo nos tribunais superiores. Uma delas revelou o que Marcelo Odebrecht disse à Procuradoria-Geral da República sobre Toffoli; a outra mostrou que o inquérito do fim do mundo teve evidente desvio de finalidade, ao intimar investigados pela Lava Jato para averiguar se eles citaram ministros do STF em depoimentos à Operação. Para completar, a delação de Orlando Diniz. ex-presidente da Federação do Comércio do Rio de Janeiro, trouxe à tona nomes de ministros do STJ supostamente envolvidos em negociatas. É outro abacaxi para Fux
O presidente do STF e do CNJ não tem poderes para dar um fim à pandemia ou desatar os nós do contexto político-econômico. Mas tem como iniciar a necessária autofaxina do Judiciário. Como escrevi neste site, “já que a CPI da Lava Toga é sonho numa noite de verão e corregedorias não funcionam, as maçãs boas do Judiciário precisam deixar de lado o corporativismo e tomar providências urgentes em relação às maçãs podres que estão logo ali ao lado. Pode ser por meio daquele soviete chamado Conselho Nacional de Justiça ou, melhor ainda, do próprio STF, agora sob nova direção. Use-se a tradicional jurisprudência de ocasião para abrir um inquérito de ofício que expurgue do Judiciário a maior ameaça contra ele: juiz ladrão. Sim, eu sei, parece ingênuo, porque o CNJ e o STF são o que são etc. Tudo bem, mas fechar o Judiciário não é opção, ao contrário do que acreditam os mais exaltados. Se os próprios togados resolvessem limpar ao menos a sujeira mais grossa, talvez a turma ficasse menos desinibida, inclusive aquela que está acima do bem e logo abaixo do mal”.
Força, Fux. A travessia pode ser tormentosa, mas o porto é seguro e está logo ali. Basta segurar o timão com firmeza.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)