'Acordo de cooperação técnica' sobre leniência restringe atuação do MPF 'Acordo de cooperação técnica' sobre leniência restringe atuação do MPF
O Antagonista

‘Acordo de cooperação técnica’ sobre leniência restringe atuação do MPF

avatar
Redação O Antagonista
3 minutos de leitura 05.08.2020 20:14 comentários
Brasil

‘Acordo de cooperação técnica’ sobre leniência restringe atuação do MPF

O novo “acordo de cooperação técnica” anunciado hoje pelo TCU restringe a atuação do Ministério Público Federal nos acordos de leniência da Lei Anticorrupção. Pelos termos do documento, a que O Antagonista teve acesso, o MPF deixa de ser negociador para ser coadjuvante nas discussões com empresas acusadas de infrações...

avatar
Redação O Antagonista
3 minutos de leitura 05.08.2020 20:14 comentários 0
‘Acordo de cooperação técnica’ sobre leniência restringe atuação do MPF
Arte: O Antagonista

O novo “acordo de cooperação técnica” anunciado hoje pelo TCU restringe a atuação do Ministério Público Federal nos acordos de leniência da Lei Anticorrupção. Pelos termos do documento, a que O Antagonista teve acesso, o MPF deixa de ser negociador para ser coadjuvante nas discussões com empresas acusadas de infrações.

Segundo o novo acordo, só a AGU e a CGU poderiam negociar a leniência com pessoas jurídicas. O MPF só seria avisado, junto com a PF, depois que o acordo já tiver sido assinado. E só “para responsabilização penal das pessoas físicas envolvidas nos ilícitos revelados pela empresa colaboradora”.

Outro trecho da “cooperação técnica” anunciada hoje diz que os órgãos que assinaram o documento se comprometem a não usar as informações contra as empresas que assinaram leniência.

Isso quer dizer que o MPF não poderia nem mesmo entrar com uma ação de improbidade administrativa contra a empresa. O único papel dos procuradores nesses casos seria o de processar executivos na esfera penal, caso a AGU e a CGU entendam que crimes foram cometidos, e ajuizar ações contra outras empresas eventualmente denunciadas.

Leia trecho do acordo:

É um freio ao que o MPF vem fazendo pelo menos desde que começou o programa de leniência da Operação Lava Jato. O órgão tem se baseado tanto na Lei Anticorrupção tanto em seus poderes constitucionais de fiscal do interesse público, para negociar acordos com empresas.

Esse papel foi reforçado no fim do ano passado com o acordo de não persecução cível, previsto na Lei Anticrime, que deu mais segurança jurídica ao tema – passou a permitir expressamente a “transação com atos de improbidade administrativa”, coisa que a Lei da Improbidade não autorizava.

“O Ministério Público foi alijado das negociações. Ele passa a ter um papel fundamentalmente criminal, enquanto a tutela do bem público passa a ser da AGU e da CGU com uma espécie de assessoria e supervisão do TCU”, comenta um advogado que representa empresas em negociações de leniência, mas pediu para não ser identificado.

Para o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Fábio Cruz da Nóbrega, o acordo anunciado hoje “não atende ao interesse público”.

Nóbrega disse no Twiter que “a proposta prioriza a atuação de órgãos de governo e do controle interno, como a CGU e a AGU, não reconhecendo o papel de preponderância que a Constituição e a lei conferem ao controle externo, especialmente ao Ministério Público”.

Segundo ele, o MPF é responsável por 90% das ações de improbidade federais do país.

O acordo de cooperação técnica envolve o TCU, a AGU, a CGU, o Ministério da Justiça e o MPF. O procurador-geral da República, Augusto Aras, assinará o documento em nome do Ministério Público.

A cerimônia de assinatura está marcada para amanhã às 11h30. Mas um grupo de procuradores se articula para pedir mais tempo para apresentar uma contraproposta ao texto em discussão.

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

"Meu defeito foi jogar limpo”, diz Bolsonaro. Não imagino o que seria sujo

Visualizar notícia
2

E agora, Marta?

Visualizar notícia
3

Coronel ligado a Bolsonaro criticou inação e cogitou pressão sobre Lira

Visualizar notícia
4

Marilena Chauí entra em lista de professores negros da USP. O que isso significa?

Visualizar notícia
5

Bolsonaro: "Todas as medidas, dentro das quatro linhas, eu estudei"

Visualizar notícia
6

"Não vejo risco para a democracia", diz Temer

Visualizar notícia
7

O contraste entre o NYT e a imprensa lulista

Visualizar notícia
8

Jojo Todynho: "Me ofereceram R$ 1,5 mi para fazer campanha ao Lula"

Visualizar notícia
9

Vai ser nesta semana, Haddad?

Visualizar notícia
10

Juíza rejeita acusação contra Trump sobre invasão ao Capitólio

Visualizar notícia
1

‘Queimadas do amor’: Toffoli é internado com inflamação no pulmão

Visualizar notícia
2

Sim, Dino assumiu a presidência

Visualizar notícia
3

O pedido de desculpas de Pablo Marçal a Tabata Amaral

Visualizar notícia
4

"Só falta ocuparem nossos gabinetes", diz senador sobre ministros do Supremo

Visualizar notícia
5

Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano

Visualizar notícia
6

Datena a Marçal: “Eu não bato em covarde duas vezes”; haja testosterona

Visualizar notícia
7

Governo prepara anúncio de medidas para conter queimadas

Visualizar notícia
8

Crusoé: Missão da ONU conclui que Maduro adotou repressão "sem precedentes"

Visualizar notícia
9

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
10

Deputado apresenta PL Pablo Marçal, para conter agressões em debates

Visualizar notícia
1

"Não vejo risco para a democracia", diz Temer

Visualizar notícia
2

Dino virou fiscal de cemitério?

Visualizar notícia
3

O contraste entre o NYT e a imprensa lulista

Visualizar notícia
4

Bolsonaro: "Todas as medidas, dentro das quatro linhas, eu estudei"

Visualizar notícia
5

Juíza rejeita acusação contra Trump sobre invasão ao Capitólio

Visualizar notícia
6

O vitimismo de Bolsonaro após o indiciamento

Visualizar notícia
7

Vai ser nesta semana, Haddad?

Visualizar notícia
8

Marilena Chauí entra em lista de professores negros da USP. O que isso significa?

Visualizar notícia
9

Jojo Todynho: "Me ofereceram R$ 1,5 mi para fazer campanha ao Lula"

Visualizar notícia
10

Por que Biden poupou perus em feriado dos EUA?

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

acordo de não persecução cível acordos de leniência AGU CGU improbidade administrativa Lava Jato Lei Anticorrupção MPF
< Notícia Anterior

Ramos transforma Secretaria de Governo em 'central de inteligência'

05.08.2020 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Covid-19: Brasil registra 1.322 mortes em 24 horas, diz consórcio

05.08.2020 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Redação O Antagonista

Suas redes

Instagram

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

"Não vejo risco para a democracia", diz Temer

"Não vejo risco para a democracia", diz Temer

Visualizar notícia
Bolsonaro: "Todas as medidas, dentro das quatro linhas, eu estudei"

Bolsonaro: "Todas as medidas, dentro das quatro linhas, eu estudei"

Deborah Sena Visualizar notícia
Cidade de São Paulo tem a melhor qualidade de vida para idosos

Cidade de São Paulo tem a melhor qualidade de vida para idosos

Visualizar notícia
Vai ser nesta semana, Haddad?

Vai ser nesta semana, Haddad?

Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.