Os dilemas das religiões em meio à pandemia
A pandemia da Covid-19 criou uma série de dilemas -- operacionais e financeiros -- em várias religiões. Na maioria delas, a principal preocupação é, de fato, saber quando e como os ritos presenciais poderão voltar a ocorrer. As cerimônias, claro, provocam aglomerações...
A pandemia da Covid-19 criou uma série de dilemas — operacionais e financeiros — em várias religiões.
Na maioria delas, a principal preocupação é, de fato, saber quando e como os ritos presenciais poderão voltar a ocorrer. As cerimônias, claro, provocam aglomerações.
Em Brasília, a União do Vegetal suspendeu todas as suas atividades presenciais e os praticantes estão sem tomar o chá ayahuasca — também conhecido como chá do Santo Daime — há mais de 45 dias. Centros islâmicos pelo país igualmente fecharam as portas.
No caso da Igreja Católica, com 1,2 bilhão de fiéis em todo o mundo, a distribuição das hóstias sem risco de contágio — mas também sem ferir as normas da Igreja –, quando a quarentena for afrouxada, ainda é uma pergunta sem resposta.
Quanto à questão financeira, as despesas nos templos diminuíram em tempos de pandemia, o que ajuda a controlar o caixa. Mas no longo prazo, há um problema: geralmente, as ofertas mais generosas partem dos fiéis mais idosos, que estão respeitando a quarentena e têm pouca familiaridade com transferências bancárias.
Nas religiões evangélicas, principalmente em razão da grande rede de rádio e televisão formada nos últimos anos, há uma expectativa de que os fiéis continuem contribuindo por meio de boleto bancário ou virtualmente.
Na Igreja Católica, por tradição, as doações são essencialmente presenciais, durante o ofertório da missa.
O cenário das igrejas evangélicas tende a ser mais complicado, uma vez que a maioria dos pastores não tem templo próprio e paga aluguel. Não à toa, deputados da bancada evangélica tem tentado apoio junto ao governo.
Para além de questões financeiras, também são previstas mudanças na forma. A pandemia é um baque, por exemplo, no fenômeno dos chamados “padres pop”, que continuava crescendo nos últimos anos no Brasil. Por mais que se possa migrar para a internet, esse formato de “missa-espetáculo” perde muita força sem as multidões físicas.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)