“Bolsonaro colaborou para desinformar a população”, diz Witzel
Na entrevista a O Antagonista, Wilson Witzel repudiou o desdém de Jair Bolsonaro com o coronavírus e seu estímulo a manifestações durante a pandemia. “Agora se vê que a população...
Na entrevista a O Antagonista, Wilson Witzel repudiou o desdém de Jair Bolsonaro com o coronavírus e seu estímulo a manifestações durante a pandemia.
“Agora se vê que a população e os próprios prefeitos da Baixada Fluminense já entenderam a complexidade do problema e estão colaborando mais. A população está vendo os caminhões frigoríficos chegarem aos hospitais, então, realmente, não é preciso dizer mais nada. A própria população está tendo a consciência de que tem que ficar em casa, não pode sair na rua, não pode se aglomerar. Não há condições de atendê-la se tiver uma contaminação muito rápida e isso nós estamos vendo acontecer”, disse o governador do Rio de Janeiro, antes de citar o presidente da República.
“Agora, além da questão dessa demora com os prefeitos, nós enfrentamos aquela discussão com o presidente Jair Bolsonaro, que fez uma primeira manifestação em cadeia de rádio e televisão dizendo que era uma ‘gripezinha’, que ‘algumas pessoas’ iriam morrer. O problema é que não são algumas pessoas, são milhares de pessoas, e o pior de tudo é que não é uma gripezinha. É uma doença extremamente grave, traiçoeira, que acomete os pulmões”, refutou Witzel, que contraiu e se recupera da Covid-19.
“Então ele colaborou para desinformar a população, colaborou para que as pessoas que são mais defensoras das ideias do presidente fossem para as ruas com passeatas, pedindo abertura da atividade econômica, e criassem toda essa versão fantasiosa de que nós estamos polarizando com o presidente, que eu estou querendo polarizar com o presidente. Isso é um completo absurdo. Isso é uma fantasia. É uma versão criada pelo próprio presidente, que não condiz com a realidade. E ele aos poucos foi vendo que ele estava errado, que estava equivocado, e que o momento é muito grave”, prosseguiu.
“Eu cheguei a advertir que a conduta dele o levaria ao Tribunal Penal Internacional, (onde) já há uma denúncia. E outras consequências poderão advir com essa conduta. Então isso prejudicou muito, tem prejudicado – essa politização do problema que nós estamos vivendo hoje. Isso está atrapalhando muito. Aqui não é o momento de se politizar. E o presidente está politizando. Ele vive pensando na eleição”, criticou.
Witzel negou ter ultrapassado sua alçada, no começo da pandemia, quando determinou a suspensão de viagens aéreas, terrestres e aquaviárias de origem de locais com circulação confirmada do coronavírus ou situação de emergência decretada, o que depende de aval de uma agência federal.
“Sinceramente, na época, eu até havia escrito um decreto que era para fechar o aeroporto. Não ia mais descer nenhum avião no aeroporto. Eu fui até um pouco mais comedido na minha decisão. No decreto, eu disse que a agência teria que ratificar a minha decisão, então procurei fazer alguma coisa combinada. Mas infelizmente não foi isso que o presidente entendeu. E o Supremo Tribunal Federal acabou, numa decisão do ministro Marco Aurélio, que foi referendada pela Corte, considerando que os estados foram corretos nas decisões que foram tomadas, porque, nos termos do artigo 196 da Constituição, os estados podem tomar as medidas necessárias para agir no controle de pandemias como essa no estado federado. Então nós estávamos cobertos de razão. Errado foi a Anvisa liberar que o avião chegasse, sem nenhum controle, de locais que têm infecção, e as pessoas descendo aqui sem nenhum controle, colaborando para o aumento da doença. Esse descontrole, essa falta de liderança do presidente, prejudicou e está prejudicando muito o controle da pandemia. Esse realmente é um problema muito grave que nós estamos enfrentando. Todos os governadores”, reclamou.
“Na condução do coronavírus, ao invés de assumir a responsabilidade como presidente, ele quer jogar nas costas dos governadores os problemas econômicos que vão advir. Isso é um ato de traição, é um gesto muito ruim que faz o presidente, querendo colocar o povo contra os governadores”, disse Witzel.
Assista à íntegra da entrevista: aqui.
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