Não havia interesse público nas mensagens roubadas, apenas privado
Os veículos que colaboraram na divulgação das mensagens roubadas de Sergio Moro, Deltan Dallagnol e outras autoridades devem repetir, para justificar-se, que o conteúdo era de "interesse público". Não era. Ao contrário do que fazem crer os hermeneutas da sem-vergonhice...
Os veículos que colaboraram na divulgação das mensagens roubadas de Sergio Moro, Deltan Dallagnol e outras autoridades devem repetir, para justificar-se, que o conteúdo era de “interesse público”.
Não era. Ao contrário do que fazem crer os hermeneutas da sem-vergonhice, não há uma única mensagem que aponte fraudes na investigação e nas provas obtidas pela Lava Jato contra Lula ou qualquer outro réu na operação. No afã de vilipendiar os mocinhos e vitimizar o bandido, os colaboracionistas nem tentaram contextualizar integralmente os diálogos publicados, porque a contextualização enfraqueceria a tese do “interesse público” no conteúdo.
Não há que falar em “interesse público” quando o único interesse era tirar da cadeia o chefe do maior esquema de corrupção do país, pintando-o como vítima de um golpe político-judicial. Pelo contrário, o interesse era privado — dele, Lula, em primeiro lugar. E o interesse privado quase prevaleceu quando se quis que o STF soltasse o condenado, a pretexto de que o então juiz Moro agira ilegalmente. É de se imaginar o estrago que seria feito ao verdadeiro interesse público se a soltura tivesse se dado nessas condições.
Os veículos que colaboraram na divulgação das mensagens roubadas agora são vistos por muitos dos seus leitores como cúmplices de estelionatários a serviço de ideólogos cavilosos e aliados menos interessados em redimir a humanidade do que em salvar a própria pele. Causaram estrago a si próprios e ao jornalismo em geral.
Seria bom que gente suja nunca mais pautasse os jornais e revistas do país. É apenas uma sugestão, porque a liberdade de imprensa também pressupõe o direito à autodestruição.
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