A imolação pública de um “petista raiz”
Pimenta recebeu a deferência de discursar na posse do próprio sucessor na Secom, e disse, involuntariamente, que é melhor ter um profissional do que um petista na comunicação
Paulo Pimenta (foto) discursou durante a cerimônia de posse de seu sucessor na Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República, o marqueteiro Sidônio Palmeira, nesta terça-feira, 14.
A presença do exonerado e a inusual honraria de um discurso foram uma tentativa de amenizar a queda do ministro apontado pelo governo como culpado pela baixa popularidade de Lula, mas, como tem ocorrido desde o início do terceiro mandato do petista, o aceno acabou saindo pela culatra.
Pimenta reconheceu a culpa por todos os problemas de comunicação — sendo que o problema do governo não é de comunicação, mas de conteúdo — e disse que “o presidente tem toda razão quando quer uma sacudida na comunicação do governo”.
“Petista raiz”
O ex-ministro disse também que a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação) “recuperou a credibilidade e voltou a ser respeitada”, o que está longe de ser verdade, e prometeu “continuar sendo o mesmo militante”.
Ao mesmo tempo, Pimenta fez questão de destacar que é um “petista raiz”, que conheceu Lula em 1983, que não é filho, neto ou sobrinho de político, que foi o único parlamentar a ter liderado mais de uma vez a bancada do PT, que esteve junto com Lula durante o período da prisão em Curitiba, que lutou contra a Lava Jato e por aí vai…
Resumindo: o governo Lula se desfez nesta terça-feira de um dos seus, alguém que sempre esteve e promete sempre estar ao lado de Lula, para colocar um profissional mais competente no lugar.
Contradição
Pimenta, cuja aventura como ministro extraordinário para Reconstrução do Rio Grande do Sul não deu muito certo, tentou a todo custo esconder o ressentimento de ser apontado — injustamente, diga-se — como responsável pela baixa popularidade de Lula, mas foi acometido por um lampejo de amor próprio no percurso.
O ex-ministro da Secom deixou o posto como vítima de um governo que insiste em não admitir os próprios limites, com exceção da dificuldade de convencer a população sobre suas supostas proezas. E caiu admitindo erros que não existem, numa imolação pública, como prova de devoção a Lula.
O Diário Oficial informa nesta terça que Pimenta foi exonerado “a pedido”, e não demitido, como ele próprio expôs no discurso ao dizer que “o presidente tem toda razão quando ele quer uma sacudida na comunicação do governo”.
O trabalho de Sidônio será fazer parecer que tudo isso faz sentido.
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Comentários (2)
LuÃs Silviano Marka
14.01.2025 19:48Aposto que esse imbecil, esse palhaço incompetente não falou uma palavra sequer sobre o golpe que aplicou em arrozeiros de São Borja usando o próprio primo como laranja.
Carlos Renato Cardoso Da Costa
14.01.2025 17:58Esse governo não tem nada além de propaganda para oferecer.