Debate sobre jornada 6x1 não passa de mais um 7x1 para o Brasil Debate sobre jornada 6x1 não passa de mais um 7x1 para o Brasil
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Debate sobre jornada 6×1 não passa de mais um 7×1 para o Brasil

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Rodolfo Borges
4 minutos de leitura 12.11.2024 13:38 comentários
Análise

Debate sobre jornada 6×1 não passa de mais um 7×1 para o Brasil

Sem viabilidade para sequer tramitar no Congresso, proposta se alastrou pelas redes sociais apoiada em mentiras e ilusões que escancaram a pobreza do debate público

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Rodolfo Borges
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Debate sobre jornada 6×1 não passa de mais um 7×1 para o Brasil
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

É trágico o debate que tomou as redes sociais brasileiras sobre a redução da jornada de trabalho.

A tragédia começou pela proposta, da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que passa longe de considerar a complexidade da questão, e desembocou em uma série de desinformações que tentam preservar a boa intenção da iniciativa e desqualificar seus críticos.

A jornada de trabalho do brasileiro é um tema a ser debatido, entre tantos outros possíveis, mas, assim como em qualquer debate, só faz sentido conversar com base na realidade.

E nem sequer o Ministério do Trabalho de Luiz Marinho, desesperado por se conectar com o trabalhador brasileiro desde o início do governo Lula, embarcou nessa conversa.

Discussão aprofundada e detalhada

Esse é um tema que exige o envolvimento de todos os setores em uma discussão aprofundada e detalhada, levando em conta as necessidades específicas de cada área, visto que há  setores da economia que funcionam ininterruptamente”, disse o ministério em nota, tomando o cuidado de não se posicionar contra a redução da jornada.

Além disso, o debate tomou as redes sociais sem que a proposta tenha qualquer viabilidade no Congresso Nacional — a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) não apenas não reuniu ainda as assinaturas mínimas para ser protocolada, como seu trâmite pela Câmara seria inviável, como detalhou Wilson Lima.

Talvez por tudo isso, seus defensores tenham apelado às redes sociais com mentiras e argumentos baseados em chantagens emocionais para popularizar a discussão, numa estratégia parecida com a usada para defender a inócua taxação de “grandes fortunas”.

Bom para o trabalhador?

Boa parte da defesa da proposta parte do princípio de que qualquer iniciativa feita com a intenção de melhorar a vida dos trabalhadores será benéfica para eles. Obviamente, depende da proposta.

“O aumento do custo da hora trabalhada pode impactar a empregabilidade, especialmente entre pequenas e médias empresas”, alertou o economista Pedro Fernando Nery, em entrevista a O Antagonista. Quanto menos empregos, pior para os trabalhadores.

São os trabalhadores que verão seus empregos ameaçados, seus salários corroídos pela inflação e suas funções substituídas por máquinas“, disse o deputado estadual Leo Siqueira (Novo-SP), economista, que viralizou com análise sobre a questão.

“Trabalhador é sugado”

A proposta é tratada por influenciadores de esquerda como uma questão moral, contudo, e com algum verniz de lógica, para iludir a audiência.

“Se todos pagarem bem e derem ótima condição de vida pro trabalhador, o lucro de todos tende a se multiplicar, pois você cria um mercado consumidor muito maior”, diz um deles, que aproveita a questão, mais uma vez, para se promover.

Se tudo é tão simples assim, só há uma conclusão possível: o empresário é mau, mesquinho.

“Ele quer pagar o mínimo para ter mais lucro. Trabalhador é sugado, espremido, para pagar as férias do patrão no Caribe”, diz o mesmo influenciador, do alto de seu insustentável pedestal moral, em postagem com cheiro de final do século 19, que recebeu 20 mil curtidas.

Gol contra

A proposta de reduzir, por força de lei, a jornada de trabalho no Brasil entra na mesma vala de iniciativas como a tentativa de encaixar a fórceps os trabalhadores de aplicativo nas regras da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

É por essa dificuldade crônica das autoridades brasileiras de compreenderem o mundo do trabalho que, desde a reforma trabalhista de 2017, repetem-se a cada ano filas e filas em frente a sindicatos para a entrega da carta de renúncia ao pagamento mensal.

Na imagem que ilustra esta análise, os associados do Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência e Educação à Criança ao Adolescente e à Família do Estado de São Paulo (Sintraemfa) aguardam debaixo do sol pela possibilidade de manifestarem a intenção de não repassar parte de seus salários ao sindicato, em 23 de outubro.

Todo esse debate sobre a redução da jornada de trabalho por forca de lei é mais um 7×1 para o trabalhador brasileiro, enfim, com a diferença que os gols não estão mais sendo marcados por jogadores de futebol alemães — é tudo gol contra.

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Rodolfo Borges

Rodolfo Borges é jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Trabalhou em veículos como Correio Braziliense, Istoé Dinheiro, portal R7 e El País Brasil.

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Comentários (2)

Adriana Teresa Dias

12.11.2024 17:23

Gente, já estou com ranço de assunto. Não aguento nem ler.


Fabio B

12.11.2024 15:06

A discussão deveria ser sobre a necessidade urgente de flexibilização da legislação trabalhista.


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