Por que o STJD não abriu inquérito sobre Bruno Henrique?
"A Procuradoria considerou que o alerta não apontou nenhum indício de proveito econômico do atleta", diz o Superior Tribunal de Justiça Desportiva
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) se manifestou sobre a investigação do atacante Bruno Henrique (à direita na foto), do Flamengo, por suposta manipulação de resultado para ganho em aposta esportiva.
O STJD explicou, em nota, por que não abriu inquérito sobre o mesmo lance que levou a Polícia Federal e o Ministério Público do Rio de Janeiro a deflagrar a Operação Spot-fixing nesta terça-feira, 5.
“O Superior Tribunal de Justiça Desportiva recebeu comunicado da Diretoria de Ética e Conformidade da CONMEBOL, encaminhado pela Unidade de Integridade do Futebol Brasileiro em 02/08/2024, sobre a partida ocorrida em 01/11/2023 (nove meses antes) entre Flamengo RJ e Santos SP, com relato de comportamento atípico no cartão amarelo do atleta Bruno Henrique Pinto“, diz a nota publicada pelo STJD.
“Não identificou irregularidades“
O tribunal descreveu que “de imediato, a Procuradoria de Justiça Desportiva oficiou a empresa SPORTRADAR, parceira externa contratada pela FIFA para monitorar o campeonato objeto da suspeita de manipulação, inclusive com a realização de análise de inteligência”.
Em resposta, segundo o STJD, “a SPORTRADAR apresentou relatório com a conclusão de que não identificou irregularidades no momento da partida”.
“Em análise desportiva do lance, a Procuradoria constatou que os fatos observados se coadunam com a realidade razoável da prática do futebol, considerando, notadamente, a ação do atleta no fato assinalado como falta, a intensidade da jogada, a reação do jogador após a marcação da infração e o minuto da partida em que a disputa de bola ocorreu. Entendeu-se que, na ótica desportiva, os fatos são compatíveis com os parâmetros usuais”, diz o STJD.
“Nenhum indício de proveito econômico do atleta“
O tribunal disse ainda que “a Procuradoria considerou que o alerta não apontou nenhum indício de proveito econômico do atleta, uma vez que os eventuais lucros das apostas reportados no alerta seriam ínfimos, quando comparados ao salário mensal do jogador“.
O STJD finaliza: “Por tais razões, diante da falta de elementos concretos, entendeu-se pelo arquivamento das peças de informação no âmbito da Justiça Desportiva naquele momento, sem prejuízo de ulterior processo disciplinar caso as autoridades de persecução reúnam acervo probatório com evidências conclusivas, com base nos poderes de investigação que lhe são conferidos“.
Operação Spot-fixing
O Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (GAECO/MPRJ) informou que a Operação Spot-fixing apura “possível manipulação do mercado de cartões” e que entre os alvos da operação estão jogador e apostadores.
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A suspeita recai sobre o jogo entre Flamengo e Santos realizado em 1º de novembro de 2023, pelo Campeonato Brasileiro, no qual o atacante do Flamengo teria recebido um cartão amarelo de maneira intencional para favorecer apostadores.
Durante a partida, disputada em Brasília, o jogador foi advertido aos 50 minutos do segundo tempo por uma falta cometida em Soteldo. Após a advertência, Bruno Henrique protestou contra a decisão do árbitro e acabou expulso.
Flamengo
O Flamengo divulgou uma nota para comentar a investigação. O clube disse que o jogador seguirá integrado ao grupo que viaja para Belo Horizonte nesta terça.
“O Clube ainda não teve acesso aos autos do inquérito, uma vez que o caso corre em segredo de justiça, mas é importante registrar que, ao mesmo tempo em que apoiará as autoridades, dará total suporte ao atleta Bruno Henrique, que desfruta da nossa confiança e, como qualquer pessoa, goza de presunção de inocência”, disse o Flamengo.
CPI
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) apresentou requerimento para ouvir Bruno Henrique na CPI das apostas esportivas. O presidente do colegiado, Jorge Kajuru (PSB), deve apreciar o pedido na semana que vem, após ele retornar de uma viagem a Londres.
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