Crusoé: Bloquear estradas e incendiar a Bolívia é com Evo Morales
Cocaleiro ascendeu na política fechando as vias e promovendo cerco às cidades
A tropa de choque de Evo Morales (foto), formada principalmente por plantadores de coca, a matéria-prima da cocaína e do crack, bloqueou diversas estradas na Bolívia nesta terça, 15.
As estradas ficam ao redor da cidade de Cochabamba, a cidade mais próxima do Chapare, região dos cocaleiros.
O objetivo é ameaçar o país com uma convulsão social e impedir uma possível prisão do ex-presidente, acusado de abuso de uma menor durante seu mandato, em 2015.
Morales também quer concorrer à Presidência, apesar de o Tribunal Constitucional da Bolívia ter revogado essa possibilidade no final do ano passado. Segundo a Corte, nenhum presidente ou vice-presidente pode permanecer no cargo por mais de dois mandatos.
Mas Morales nunca se curvou à lei. Tanto que ele tentou um quarto mandato nas urnas, mesmo após a população votar contra essa possibilidade em um referendo, em 2016.
Os cocaleiros querem que o governo, comandado pelo presidente Luis Arce Catacora, declare os processos na Justiça contra Morales “sem efeito“. Também querem que Morales seja declarado como candidato presidencial para as eleições do ano que vem.
Bloquear estradas é a principal especialidade de Morales, que ascendeu na política gerando o caos no país com o fechamento das vias de tráfego.
Seu poder reside principalmente na capacidade de botar fogo no país, provocar violência e deixar a população das grandes cidades sem mantimentos.
Ascensão política pelo caos
Em 2003, Morales e os membros de seu bando impediram que caminhões-tanque deixassem o depósito da estatal petrolífera, YPFB, na cidade de El Alto, perto da capital. Um comboio conseguiu deixar a instalação escoltado por militares. Os manifestantes atiraram contra os soldados, que reagiram. Em um único dia, 27 pessoas morreram.
A partir daí, Morales ganhou fama e venceu as eleições de 2005. Ele governou o país entre 2006 e 2019, quando abandonou a Presidência e viajou para o México.
Ao retornar para o seu país, Morales organizou protestos de cocaleiros, que realizaram um cerco à cidade de La Paz.
Em um vídeo, o sindicalista boliviano Faustino Yucra aparecia escutando atentamente às ordens de Morales, do outro lado da linha. “Dividam o sindicato em quatro ou cinco grupos. Assim dá para ficar mais tempo. Se as pessoas não se juntam, ficam cansadas e vão embora. Se estão em grupos, elas se revezam em turnos. Vamos manter o bloqueio“, disse Morales. “Que não entre comida nas cidades. Vamos bloquear, fazer um cerco de verdade.”
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