Crusoé: A ignorância reiterada de Lula sobre o Oriente Médio
Petista voltou a dizer que a ONU "não teve coragem" para criar Estado palestino. Mas não cabe à entidade criar países. Quem não fez a sua parte foram os palestinos
O presidente Lula voltou a mostrar sua ignorância sobre o Oriente Médio em um evento com o bilionário Bill Gates, criador da Microsoft, em Nova York (foto).
“A ONU, quando foi criada, tinha 51 países que eram sócios da ONU. Agora tem 193. Significa que mais de 140 não participaram quando ela foi criada. E a ONU, que quando foi criada, teve força para criar o Estado de Israel, não tem coragem de criar o Estado palestino”, disse o petista nesta segunda, 23, em evento organizado pela Fundação Bill e Melinda Gates.
Mas a ONU não pode ser criticada por não ter criado o Estado palestino. Quem não criou o Estado palestino foram os árabes que habitavam a Palestina e, em vez de fundar um Estado próprio, entraram numa guerra com outros países para destruir o recém-criado Estado de Israel.
Esta não é a primeira vez que Lula escorrega ao tratar desse tema. Em abril do ano passado, o petista fez críticas à ONU quando esteve em Madri, na Espanha.
“Veja que a ONU era tão forte que em 1948 ela conseguiu criar o Estado de Israel. Em 2023, ela não consegue criar o Estado palestino“, disse o presidente.
O que a ONU fez em 1947
A ONU não cria Estados sozinha. O que as dezenas de países-membros fizeram em 1947 foi aprovar uma resolução de partilha da Palestina, em uma sessão presidida pelo diplomata brasileiro Oswaldo Aranha. O texto previa a criação de dois Estados, um árabe e um judeu. Trinta e três países votaram a favor da resolução e treze, contra.
O que aconteceu em seguida determinou o destino de milhões de pessoas no Oriente Médio, por gerações.
Do lado judeu, as lideranças aceitaram a proposta da ONU e, no dia 14 de maio de 1948, criaram o Estado de Israel.
Do lado árabe isso não ocorreu. Em uma época em que ainda não se falava de “palestinos“, ditadores de países árabes iniciaram uma guerra para tentar destruir o nascente Estado de Israel.
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