Marçal vira bode expiatório para a baixaria Marçal vira bode expiatório para a baixaria
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Marçal vira bode expiatório para a baixaria

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Rodolfo Borges
6 minutos de leitura 17.09.2024 17:33 comentários
Análise

Marçal vira bode expiatório para a baixaria

Influenciador se destacou mais uma vez como provocador no debate da RedeTV, mas seus adversários precisam se esforçar um pouco mais para convencer o eleitor de que não estão no mesmo nível dele

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Rodolfo Borges
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Marçal vira bode expiatório para a baixaria
Foto: Reprodução/ RedeTV

Pablo Marçal (PRTB) se destacou mais uma vez como provocador no debate promovido pela RedeTV e pelo UOL, mas não é possível dizer que o influenciador foi o único a provocar em mais um confronto entre os candidatos. Pablo esquentou o clima, mas o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que foi o primeiro a falar no debate, levantou a bola da discórdia dando a entender que erguia uma bandeira branca.

“A polêmica, o meme, tem prazo de validade”, disse Boulos, que escolheu começar se dirigindo ao apresentador José Luiz Datena (PSDB), autor da cadeirada, que também fez que não era com ele, mas provocou ao se defender: “Desde criança meu pai me ensinou que eu teria que honrar a mim mesmo e à minha família até a morte, e eu estou disposto a fazer isso”.

Datena resumiu suas principais propostas brevemente, destacando o batido tema da segurança, antes de Boulos fazer nova crítica às “polêmicas” e “gritarias” que acontecem nos debates. Na sequência, Datena começou a bater no prefeito Ricardo Nunes (MDB) via PCC, como também já havia feito nos outros debates.

“Orangotango”

Marçal apareceu na sequência, chutando o balde de novo, e foi repreendido pela mediadora por chamar Nunes de “bananinha”. O debate sobiu de volume a partir desse momento, quando Marçal comparou Datena a um orangotango, pela agressão com a cadeira, e criticou os colegas por “não terem sido solidários” ao que chamou de “tentativa de homicídio”.

O influenciador obviamente tem culpa no clima bélico que se instalou desde o primeiro debate da campanha, promovido pela Band, mas o destaque que suas provocações ganharam não pode ser usado para diminuir os ataques pessoais trocados entre os outros pleiteantes à Prefeitura de São Paulo.

Depois do debate da Band, alguns candidatos chegaram a tentar boicotar o ex-coach, faltando ao debate promovido pela Veja, mas a disparada de Marçal nas pesquisas levou a uma revisão da estratégia. No debate da TV Gazeta, instalou-se um festival de ofensas que culminaria na cadeirada desferida por Datena no encontro seguinte.

O ponto mais baixo

É importante destacar que, apesar de tudo o que Marçal disse nesta campanha, nada supera em baixeza a cadeirada de Datena. Esse é, até agora, o ponto mais baixo desta campanha. E, depois que Marçal deixou o debate da TV Cultura em direção a Hospital Sírio-Libanês, candidatos como Nunes e Boulos seguiram trocando acusações mútuas, e o prefeito chegou a questionar se o adversário “cheirou”.

Essas acusações voltaram a ser trocadas nesta terça-feira, 17. Nunes chegou a tentar uma reação estoica a Marçal, mas sucumbiu diante da acusação de que bateu na mulher — Regina Nunes gravou vídeo para rebater a acusação do influenciador — e disse que Marçal saiu da cadeia, mas ela não saiu de dentro dele.

No primeiro dos 17 pedidos de direito de resposta concedidos ao longo do debate, Datena disse que “o único jeito de falar com bandido condenado, ladrão de velhinho virtual, é a Justiça, não tem outro caminho” e que não bate em covarde duas vezes, mas uma vez só, prometendo processar o adversário por injúria.

Gritaria

No segundo pedido de resposta, Marçal e Nunes foram advertidos formalmente por trocarem ofensas ao gritos (veja acima). Na sequência, a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) optou por repisar as ofensas proferidas por Marçal ainda na pré-campanha, quando ele associou a morte de seu pai ao fato de ela ter ido estudar no exterior.

O ex-coach aproveitou para pedir desculpas, que Tabata deu a entender que não tinha como aceitar, porque Marçal “não se remenda porque lucra com isso”, “ele mente, ele ataca faz seu espetáculo porque ele ganha dinheiro com isso”.

Na sequência Nunes optou por cobrar Boulos por um projeto apresentado pelo PSOL “para libertar 42 mil traficantes” — o PL 2622/2024 prevê anistia para quem foi condenado por “adquirir, guardar, ter em depósito, transportar ou trouxer consigo até 40g (quarenta gramas) de Cannabis, ou 6 (seis) plantas-fêmeas, para uso próprio”, na esteira de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) para descriminalizar porte de pequenas quantidades de maconha.

Fechando a roda

Para fechar a roda, a empresária Marina Helena (Novo) questionou Tabata sobre viagens de jatinho para visitar o namorado João Campos (PSB), prefeito do Recife. “Quem pagou e de quem era esse avião?”, questionou. A adversária disse que nunca viajou de jatinho para visitar o namorado, que isso era “um delírio”. Questionada após o debate, a candidata do Novo disse que “perguntar não ofende”, sem detalhar de onde tirou a informação.

Em seguida, foi Marina Helena que virou o alvo, quando Datena a questionou por “atacar” o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. “Até quanto você acha que atacar as instituições contribui para a democracia brasileira?”, questionou Datena, como se fosse obrigatório concordar com as controversas medidas de Moraes.

A candidata do Novo respondeu dizendo que tem orgulho de defender a liberdade de expressão e ser contra a censura, e rebateu: “Eu repudio a baixaria e os ataques verbais, mas não é possível que nós, como sociedade, aceitemos a equiparação de uma violência verbal, que faz parte da democracia, com uma violência física”.

“Em qualquer outro lugar do mundo, um candidato que tivesse pego uma cadeira e colocado em risco a vida de outro, sairia algemado”, completou, pedindo para Datena deixar a corrida municipal. O apresentador respondeu que quem levou uma cadeirada foi ele, por ser acusado de um crime hediondo.

Esta análise deu conta de apenas dois dos cinco blocos do debate. Não é fácil lidar com um provocador como Marçal, mas os outros candidatos à Prefeitura de São Paulo precisam se esforçar um pouco mais se querem convencer o eleitor de que estão em um nível diferente do dele.

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Rodolfo Borges

Rodolfo Borges é jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Trabalhou em veículos como Correio Braziliense, Istoé Dinheiro, portal R7 e El País Brasil.

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