Leonardo Barreto na Crusoé: O que o vento leva
Se Lula é um presidente sem povo, como dizem os bolsonaristas, o ex-presidente Jair Bolsonaro começa a ser assombrado pelo cansaço dos seus seguidores
Há um poema do escritor Mario Quintana que fala sobre aquilo que nem o vento forte consegue carregar. Ele se refere ao estribilho de uma música, ao carinho no tempo certo e ao cheiro do próprio vento, a coisas leves que, sendo bem-vindas e apropriadas, acabam ficando e achando seu lugar muito naturalmente.
No universo, do contrário, há fardos pesadíssimos, enormes, tão grandes que parecem que vão durar eras inteiras, mas, por alguma razão, chega o momento em que se tornam suscetíveis mesmo às mais leves brisas, como as que sopraram no 7 de setembro.
Na semana que antecedeu a data comemorativa, era impossível não escutar nos meios de comunicação de Brasília o convite para levar a família para a Esplanada e assistir ao desfile cívico-militar, que tinha como principal atração a esquadrilha da fumaça no céu e a presença do ministro Alexandre de Moraes na terra, convidado especial do presidente Lula.
Todos estavam curiosos por fotos ou filmagens que mostrassem o tamanho do público com o objetivo de medir o poder de atração popular de Lula. Um sinal negativo para o presidente foi que a TV Brasil, responsável pela transmissão do evento, preferiu fazer imagens apenas no chão, concentrando-se no corredor entre as arquibancadas e praticamente não recorrendo a imagens abertas. Um vídeo amador, no entanto, mostrou o deserto que foi a Esplanada no desfile.
Há mil quilômetros de Brasília, em São Paulo, Jair Bolsonaro tentava criar seu fato político. A conjuntura parecia impulsionada pela suspensão da rede social X, cuja repercussão aumentou a pressão sobre o STF. O comparecimento de aliados, no entanto, decepcionou, assim como os discursos, que não trouxeram nenhuma novidade em relação ao que já foi visto e falado em oportunidades anteriores.
Um indicativo da perda de brilho do evento foi toda a atenção dada a Pablo Marçal, candidato à prefeitura da capital paulista. Ele iria comparecer à manifestação? Subiria no palanque? Discursaria? Que tipo de entretenimento promoveria? Um dado da divisão nas fileiras bolsonaristas: na transmissão do ato feito pelo canal do pastor Silas Malafaia, o nome de Marçal foi citado 4.032 vezes e o de Bolsonaro 3.783.
Se Lula…
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