Ministros recebem por palestras de políticos com processos nos tribunais superiores Ministros recebem por palestras de políticos com processos nos tribunais superiores
O Antagonista

Ministros recebem por palestras de políticos com processos nos tribunais superiores

avatar
Redação O Antagonista
4 minutos de leitura 01.09.2024 11:03 comentários
Brasil

Ministros recebem por palestras de políticos com processos nos tribunais superiores

Reportagem do Estadão mostra o funcionamento da indústria de palestras de juízes de instâncias superiores

avatar
Redação O Antagonista
4 minutos de leitura 01.09.2024 11:03 comentários 3
Ministros recebem por palestras de políticos com processos nos tribunais superiores
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo

Reportagem publicada neste domingo, 1º de setembro, no Estadão, mostra o funcionamento da indústria de palestras de juízes de instâncias superiores, com destaque a ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que participaram de eventos organizados por entidades e pessoas envolvidas em processos criminais que eles próprios relataram.

O jornal mapeou os cachês recebidos por dez magistrados em 17 eventos, de junho de 2021 a agosto deste ano. Os valores, pagos por órgãos públicos e entidades empresariais, chegam a até R$ 50 mil por uma hora de palestra

No caso do STJ, a reportagem cita os ministros Paulo Dias de Moura Ribeiro e Antonio Saldanha Palheiro. Ambos foram convidados a palestrar para servidores da Assembleia Legislativa do Estado, a ALMT, pelo deputado estadual Max Joel Russi (PSB). Os cachês, de R$ 15 mil, foram pagos com dinheiro público e recebidos pelos magistrados por meio de suas empresas de palestras.

Até junho de 2022, Palheiro relatou no STJ um processo criminal movido contra Russi. O político era acusado da suposta prática de fraude à licitação quando era prefeito de Jaciara, no Mato Grosso. Já Moura Ribeiro relatou, entre janeiro de 2022 e junho passado, um processo de cobrança de dívidas movido pelo Banco do Brasil. 

No caso do STF, o jornal cita o caso do ministro Luiz Fux, que é convidado frequente de eventos da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A entidade figura como parte ou como amicus curiae em várias ações no Supremo. 

Em setembro de 2022, Fux esteve em Fortaleza para proferir a palestra “Segurança Jurídica e o Risco Brasil” em evento da entidade. A palestra foi organizada pelo Instituto Justiça e Cidadania (IJC) e contou com apoio financeiro da CNI,

A CNI disse ter investido R$ 145 mil na realização do evento, mas afirmou que não houve pagamento “por parte da CNI” a Fux. Em março daquele ano, o ministro já havia palestrado em outra conferência da entidade.

No caso do TST, os ministros Guilherme Caputo Bastos e Douglas Alencar fizeram parte da comissão organizadora do “II Congresso Nacional da Magistratura do Trabalho”, promovido pela Academia Brasileira de Formação e Pesquisa (ABFP) em Foz do Iguaçu (PR). 

A ABFP é uma das empresas mais importantes do ramo de palestras de ministros de tribunais superiores e tem patrocínio de empresas privadas como a OGMO Santos e a Brasil Terminal Portuário.

“Na segunda-feira depois do evento, o órgão especial do TST, do qual faz parte Caputo Bastos, votou uma ação movida pelo Sindicato dos Operários e Trabalhadores Portuários de São Paulo contra a Companhia de Docas do Guarujá, a Terminal de Granéis do Guarujá e outras empresas do setor, por supostas contratações irregulares de funcionários. Kanitz, que trabalha com Caputo Bastos na ABDPM, atuou como advogado no julgamento, que terminou com vitória das empresas”, diz a reportagem do Estadão.

Lewandowski contra a transparência dos cachês

Uma resolução do Conselho Nacional da Justiça (CNJ), assinada pelo então presidente do STF Ricardo Lewandowski, em junho de 2016, deixou de exigir a necessidade de detalhamento dos valores recebidos por magistrados por suas palestras. 

Lewandowski equiparou a realização de palestras à atividade de professor, abrindo uma brecha para a escalada dessa atividade. Também não há qualquer tipo de limite para o recebimento desse tipo de honorário.

Ao argumentar pelo sigilo dos valores das palestras, o então presidente do STF recorreu à questão da segurança dos magistrados: 

“A preocupação aqui é só resguardar a privacidade, a intimidade e a própria segurança. Porque hoje, quando nós divulgamos valores econômicos, nós estamos sujeitos, num país em crise, num país onde infelizmente a nossa segurança pública ainda não atingiu os níveis desejados… Então é preciso resguardar todos esses aspectos.”

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

Sim, Dino assumiu a presidência

Visualizar notícia
2

Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano

Visualizar notícia
3

Debate da RedeTV: nem cadeirada contém o ímpeto de candidatos em SP

Visualizar notícia
4

‘Queimadas do amor’: Toffoli é internado com inflamação no pulmão

Visualizar notícia
5

"Perguntar não ofende", Marina Helena?

Visualizar notícia
6

Marçal vira bode expiatório para a baixaria

Visualizar notícia
7

Lira joga contra a oposição, diz Marcel van Hattem

Visualizar notícia
8

Marcel Van Hattem considera disputar sucessão de Lira

Visualizar notícia
9

"Só falta ocuparem nossos gabinetes", diz senador sobre ministros do Supremo

Visualizar notícia
10

Esposa de Ricardo Nunes rebate Marçal: "Nunca me bateu"

Visualizar notícia
1

‘Queimadas do amor’: Toffoli é internado com inflamação no pulmão

Visualizar notícia
2

Sim, Dino assumiu a presidência

Visualizar notícia
3

O pedido de desculpas de Pablo Marçal a Tabata Amaral

Visualizar notícia
4

"Só falta ocuparem nossos gabinetes", diz senador sobre ministros do Supremo

Visualizar notícia
5

Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano

Visualizar notícia
6

Datena a Marçal: “Eu não bato em covarde duas vezes”; haja testosterona

Visualizar notícia
7

Governo prepara anúncio de medidas para conter queimadas

Visualizar notícia
8

Crusoé: Missão da ONU conclui que Maduro adotou repressão "sem precedentes"

Visualizar notícia
9

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
10

Deputado apresenta PL Pablo Marçal, para conter agressões em debates

Visualizar notícia
1

Ucrânia destrói maior depósito de munições da Rússia

Visualizar notícia
2

Declarações irresponsáveis de Lula e Marina beiram a paranoia

Visualizar notícia
3

Weg anuncia investimentos de R$ 670 mi no Brasil e no México

Visualizar notícia
4

Entenda a volta informal do X

Visualizar notícia
5

Microsoft aponta desinformação russa contra campanha de Kamala

Visualizar notícia
6

Um aeródromo para Rui Costa na Bahia?

Visualizar notícia
7

Explosão de pagers do Hezbollah: a Mossad está de volta

Visualizar notícia
8
9

Nem toda unanimidade é burra

Visualizar notícia
10

Casa Branca: "Rede social é uma forma de liberdade"

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

cachês Lewandowski Luiz Fux palestras STF STJ TST
< Notícia Anterior

Restituição do Imposto de Renda: confira o pagamento

01.09.2024 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Peugeot 208: Ofertas especiais e detalhes incríveis do modelo 2024

01.09.2024 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Redação O Antagonista

O Antagonista é um dos principais sites jornalísticos de informação e análise sobre política do Brasil. Sua equipe é composta por jornalistas profissionais, empenhados na divulgação de fatos de interesse público devidamente verificados e no combate às fake news.

Suas redes

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (3)

Marcelo Augusto Monteiro Ferraz

01.09.2024 12:18

VERGONHA!!!!


MARCOS ANTONIO RAINHO GOMES DA COSTA

01.09.2024 11:42

OU SEJA, O JUDICIÁRIO TAMBÉM ESTÁ CORROMPIDO PELA CORRUPÇÃO. MAGISTRADOS QUE DEVERIAM SER IMPESSOAIS SÃÓ COOPTADOS PELOS CORRUPTOS E A ELES SE ASSOCIAM. POBRE BRASIL.


Jorge Alberto da Cunha Rodrigues

01.09.2024 11:30

O judiciário brasileiro, em especial o STF, é uma vergonha. No STF se dá extrema proteção aos corruptos poderosos, se pratica arbitrariedades, são tomadas decisões com viés político e se persegue algumas pessoas enquanto outras são poupadas. O STF é um antro de imoralidade!


Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Curiosidades sobre o lançamento do novo Hyundai Creta no Brasil

Curiosidades sobre o lançamento do novo Hyundai Creta no Brasil

Visualizar notícia
Ramagem: possibilidade de segundo turno numa eleição que parecia decidida

Ramagem: possibilidade de segundo turno numa eleição que parecia decidida

Alexandre Borges Visualizar notícia
Cartão MEI: benefícios exclusivos para o Microempreendedor Individual

Cartão MEI: benefícios exclusivos para o Microempreendedor Individual

Visualizar notícia
Bolsonaro na TV impulsiona Ramagem no Rio, indica Quaest

Bolsonaro na TV impulsiona Ramagem no Rio, indica Quaest

Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.