Crusoé: Uma tentativa de contornar a imunidade de Trump
Promotor refaz denúncia e procura destacar que Trump tinha fins pessoais, e não agia como presidente, nas ações que antecederam a invasão do Capitólio em 2021
O ex-presidente americano Donald Trump tornou-se réu nesta terça-feira (27) em um processo que procura contornar a ampla imunidade conferida aos presidentes dos Estados Unidos pela Suprema Corte do país, no início de julho.
“A nova denúncia, apresentada a um grande júri que ainda não havia ouvido evidências neste caso, reflete os esforços do governo para respeitar e implementar as decisões da Suprema Corte”, diz a peça elaborada pelo promotor especial Jack Smith, do Departamento de Justiça americano.
A acusação diz respeito à invasão do Capitólio por apoiadores de Trump, em 6 de janeiro de 2021. Ele já havia sido acusado formalmente de incitar a multidão, mas em 1 de julho, a Suprema Corte decidiu que os ocupantes da presidência não podem ser processados criminalmente por atos que estejam no escopo dos seus poderes constitucionais.
Com isso, a promotoria teve de refazer sua denúncia e submetê-la a um novo júri, como manda a lei americana.
Alegações de que Trump instrumentalizou o Departamento de Justiça para forjar alegações de fraude nas eleições de 2020, por exemplo, tiveram de ser descartadas.
Smith procurou enfatizar, em vez disso, a natureza pessoal de diversas ações de Trump que teriam desemborcado no 6 de janeiro. Ele ressaltou que o comício de Trump logo antes da invasão do Capitólio teve financiamento e organização privados e procurou demonstrar que Trump frequentemente usava suas contas nas redes sociais para “fins pessoais”.
É altamente improvável que o caso seja julgado antes da eleição de novembro, em que Trump tenta retornar à Casa Branca pelo Partido Republicano. A juíza Tanya Chutkan, indicada ao cargo pelo presidente democrata Joe Biden, conduz o processo e agendou para 5 de setembro uma audiência em que um novo calendário será discutido.
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