Quando o Partido Democrata anunciou que Adam Kinzinger (foto) seria o próximo a discursar, na noite desta quinta-feira, 22, as palmas foram mais tímidas que aos anteriores. Isso por que, para alguns, era uma surpresa ver um republicano subir ao palco do partido rival, no meio de uma eleição presidencial.

E foi justamente este o papel improvável que ele fez: criticou o próprio Partido Republicano, o domínio de Donald Trump sobre a máquina partidária, e a polarização entre as duas legendas, que dominam a política americana há dois séculos.

“Nunca achei que estaria aqui”, disse o ex-parlamentar, que deixou o cargo pelo estado de Illinois em 2023. “Mas escuta, você também nunca pensou que eu estaria aqui, não é?”

Um membro da base de Donald Trump durante seu mandato, Kinzinger apoiou o presidente em 90% das votações na Casa. Após votar contra Trump no primeiro processo de impeachment (algo que ele disse ter se arrependido), o parlamentar começou a se mostrar um crítico do presidente — críticas que chegaram num ápice após a tentativa de Trump de virar a mesa após sua derrota nas eleições de 2020 e os atos de 6 de Janeiro de 2021.

Apesar de sofrer censura pública do partido e não ter apoio para buscar a reeleição, Kizinger (que deixou o cargo em 2023) nunca deixou de ser um republicano. E quis deixar isso claro no discurso: “aprendi algo sobre meu partido que eu não pude ignorar: o Partido Republicano não é mais conservador. Trocou sua aliança dos princípios que lhes davam propósito para um homem cujo único propósito é a si próprio”, disse.

Aí, ao falar de Trump, ele jogou para a galera: “Donald Trump é um homem fraco, fingindo ser forte. É um homem pequeno, fingindo ser grande. É um homem sem fé, fingindo ser justo. É um criminoso, fingindo ser a vítima. Ele põe um grande show de pé, mas não há força real ali.“

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