Crusoé: Juízes entram em greve no México contra reforma de AMLO
Greve não tem prazo para acabar, e tem como centro uma proposta do atual presidente para escolher juízes por voto popular
Mais de mil juízes mexicanos, assim como seus auxiliares no Judiciário, entraram em greve por tempo indeterminado nesta segunda-feira, 20, contra uma proposta de reforma do poder Judiciário capitaneada pelo presidente Andrés Manuel López Obrador (foto), conhecido como AMLO. A ideia de reforma é uma das principais do fim do seu mandato e deve ser mantida pela sua sucessora e pupila partidária, Claudia Sheinbaum.
A paralisação veio com 1.202 votos favoráveis e 201 contrários dentro da principal associação de magistrados do país. Em estados como Michoacán e Oaxaca, juízes e funcionários do Judiciário saíram às ruas para protestar, chegando a bloquear ruas.
O texto proposto pelo presidente mexicano quer que juízes sejam eleitos por voto popular e cumpram mandatos para o cargo. A proposta é vista como uma violação de poderes e uma tentativa do partido do presidente em romper o sistema de pesos e contrapesos que rege o Estado mexicano. A bolsa de valores do país caiu após o início da greve.
Os juízes são os primeiros críticos da proposta. “Não é possível que, sob a invocação da defesa da vontade popular, possa se defender o desconhecimento da ordem jurídica”, disse a associação nacional de magistrados mexicanos (Jufed), “posto que nada contraria mais os interesses do povo do que a própria transgressão constitucional.”
A reforma do Judiciário, no entanto, deve continuar a ser debatida no Legislativo do país mesmo após AMLO deixar o poder, em 1º de outubro. Isso porque é sua pupila política, a ex-governadora Claudia Sheinbaum, que o sucederá para seis anos no cargo nesta data.
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