Os riscos da febre oropouche para gestantes
Casos de microcefalia em recém-nascidos, associados ao vírus Oropouche, acendem o alerta para gestantes e profissionais de saúde
Recentemente, o Ministério da Saúde emitiu um alerta para gestantes em todo o Brasil sobre os riscos associados à febre oropouche, uma doença infecciosa transmitida por mosquitos que apresenta sintomas semelhantes aos da dengue. Este aviso segue a identificação de quatro casos de recém-nascidos com microcefalia, malformação neurológica grave, ligados à infecção materna pelo vírus Oropouche.
De acordo com uma nota técnica publicada pela pasta, o Instituto Evandro Chagas (IEC) encontrou anticorpos para o vírus Oropouche em quatro recém-nascidos com microcefalia, indicando uma possível infecção intrauterina.
Esta descoberta levou o Ministério a intensificar a vigilância da doença em gestantes, recomendando medidas preventivas como evitar áreas com alta concentração de insetos e usar repelente regularmente.
Aumento de casos em 2024
A febre oropouche está em ascensão no Brasil, com um aumento de 743% no número de casos confirmados até o início de julho de 2024. Até agora, foram reportados 7.044 casos, um salto significativo em comparação aos 835 casos registrados em 2023.
A descentralização do diagnóstico molecular para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACEN) também contribuiu para a elevação dos registros oficiais, com testes automáticos para febre oropouche em casos negativos de dengue, zika e chikungunya.
Transmissão vertical
Estudos anteriores com animais já sugeriam a possibilidade de transmissão vertical do vírus Oropouche, onde a infecção é passada da gestante para o feto. Recentemente, o IEC detectou anticorpos do Oropouche em quatro recém-nascidos com microcefalia, reforçando a possibilidade dessa transmissão.
Adicionalmente, foi encontrado material genético do vírus em um feto que morreu com 30 semanas de gestação, em diversos órgãos, incluindo o tecido cerebral.
Orientações para Gestantes
Diante dessas evidências, o Ministério da Saúde fez uma série de recomendações para proteger gestantes:
- Evitar Áreas de Alto Risco: Gestantes devem evitar áreas com alta concentração de mosquitos e maruins, utilizando telas de malha fina em portas e janelas.
- Uso de Repelentes: Aplicar repelente nas áreas expostas da pele e usar roupas que cubram a maior parte do corpo.
- Manutenção da Limpeza Doméstica: Manter a casa e os terrenos limpos, evitando o acúmulo de folhas e frutos que possam atrair insetos.
- Seguir Orientações Locais: Em regiões com casos confirmados, seguir as orientações das autoridades de saúde para reduzir o risco de infecção.
Febre oropouche
A febre oropouche é causada pelo vírus Orthobunyavirus oropoucheense, transmitido principalmente pelo mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim. Em áreas urbanas, o mosquito Culex quinquefasciatus também pode atuar como vetor.
Os sintomas da febre oropouche são semelhantes aos da dengue e chikungunya, durando entre dois e sete dias, e incluem febre súbita, dor de cabeça intensa, dor nas costas e articulações, tosse, tontura, erupções cutâneas, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos.
Não há tratamento específico para a doença; o acompanhamento médico é essencial para alívio dos sintomas enquanto o sistema imunológico combate a infecção.
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