Crusoé: Extremo engano
Preocupação com a direita não pode acobertar perigos da esquerda
Definir os fatos que nos cercam da maneira mais precisa possível é indispensável para entender o mundo e interferir sobre ele, diz a reportagem de capa da nova edição de Crusoé, assinada por Duda Teixeira, que chama a atenção para o extremo engano projetado pelo debate público em torno da eleição francesa. Com um arlarmismo seletivo contra o que se apontou como “extrema-direita”, a veia revolucionária do esquerdista Jean-Luc Mélenchon foi ignorada ou relativizada.
Na reportagem Radicalmente moderadas, Alexandre Borges discute mais a fundo a disparidade de tratamento entre o que se considera radiciais de direita e esquerda, destacando que as acusações de extremismo contra Marine Le Pen, na França, e Giorgia Meloni, na Itália, frequentemente carecem de base factual e resultam de associações simplistas e historicamente desatualizadas com movimentos e líderes do passado.
Em terreno brasileiro, o destaque da edição é a reportagem ENBPar, a estatal dos encostados, na qual Gui Mendes joga luz sobre a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional, ENBPar, é uma das mais jovens estatais brasileiras. Três anos depois de sua fundação, a empresa se tornou um cabide de empregos, atendendo a políticos que já integraram escândalos petistas, parentes de parlamentares e apaniguados de Brasília.
A edição desta semana apresenta ainda a Faria Lima carioca, reportagem na qual Rodrigo Oliveira explica como o retorno da bolsa de valores ao Rio de Janeiro pode beneficiar a economia brasileira e dinamizar a cena carioca. Ainda pendente de autorização do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários, a iniciativa pode trazer competição para um ambiente monopolizado pela B3 no Brasil.
Em Precisamos falar sobre o Hezbollah, Caio Mattos destaca a série de ofensivas do grupo terrorista libanês contra o Estado judeu desde o atentado terrorista do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023. Hoje, Hezbollah e Israel estão em uma guerra não declarada, mas que, a qualquer momento, pode virar um conflito aberto, de maiores proporções.
Crusoé Entrevistas
Na entrevista da semana, o cientista político Carlos Pereira, coautor do livro Por que a democracia brasileira não morreu?, diz que “a literatura mostra que quando os países conseguem ter mais de três episódios eleitorais competitivos, legítimos, incertos, a probabilidade de quebra democrática é próximo de zero“.
Ele completa: “Nós, no Brasil, já fomos para o nono episódio eleitoral para a presidência. Se levarmos em consideração esse preditor, nós estamos muito bem, obrigado“.
Colunistas
Privilegiando o assinante de O Antagonista+Crusoé, que apoia o jornalismo independente, também reunimos nosso timaço de colunistas. Nesta edição, escrevem Josias Teófilo, Orlando Tosetto Júnior, Jerônimo Teixeira, Rodolfo Borges, Leonardo Barreto e Ivan Sant’Anna.
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