Governo Lula condena ataque a hospital infantil, mas omite Rússia
Além de omitir o autor do bombardeio em sua manifestação oficial, o Itamaraty ainda se prestou a fazer o jogo da Rússia, ao defender a "não expansão do campo de batalha"
O governo brasileiro divulgou uma nota às 23h28 de segunda-feira, 8, após um dia inteiro em silêncio, devidamente apontado e criticado por O Antagonista, para se pronunciar sobre o bombardeio do hospital infantil Ohmatdyt, em Kiev, capital da Ucrânia. O ataque que matou 38 pessoas, entre elas quatro crianças, tem um autor, a Rússia de Vladimir Putin, mas o Itamaraty omitiu essa informação na mensagem.
O texto do governo Lula diz o seguinte:
“O governo brasileiro condena o bombardeio que atingiu hoje o hospital infantil Ohmatdyt, em Kiev, que resultou em número expressivo de vítimas fatais, incluindo crianças. O governo brasileiro reitera sua condenação a ataques em áreas densamente povoadas, especialmente quando acarretam danos a instalações hospitalares e a outras infraestruturas civis, e expressa sua solidariedade às vítimas e a seus familiares.
O Brasil exorta as partes no conflito a cumprirem suas obrigações perante o direito internacional humanitário, inclusive a proteção especial conferida a instalações e unidades médicas, que devem ser respeitadas em todas as circunstâncias.
O governo brasileiro continua a defender o diálogo e uma solução pacífica para o conflito na Ucrânia. Até que os atores relevantes se engajem de forma genuína e eficaz em negociações de paz, o Brasil reitera o apelo para que três princípios para a desescalada da situação sejam observados: não expansão do campo de batalha, não escalada dos combates e não inflamação da situação por qualquer parte.“
O jogo da Rússia
É raro o Brasil divulgar notas sobre os crimes russos, mas, além de omitir o criminoso em sua manifestação oficial, o Itamaraty ainda se prestou a fazer o jogo da Rússia, ao defender a “não expansão do campo de batalha”.
Já no caso de Israel, o governo Lula não apenas “condena” ações militares como menciona claramente quem deseja repreender, como mostra nota divulgada em maio sobre o início das operações israelenses na cidade de Rafah, na Faixa de Gaza.
“Ao optar, com essa ação militar, por deliberadamente intensificar o conflito em área sabidamente de alta concentração da população civil de Gaza neste momento, o governo israelense, mostra, novamente, descaso pela observância aos princípios básicos dos direitos humanos e do direito humanitário, a despeito dos apelos da comunidade internacional, inclusive de seus aliados mais próximos. Tal operação pode, ademais, comprometer esforços de mediação e diálogo em curso”, diz um trecho da nota do Itamaraty.
Situação no hospital infantil
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, atualizou nesta terça-feira, 9, os números do ataque russo ao hospital.
“A operação de resgate após o ataque com mísseis russos de ontem [segunda-feira, 8 de julho] continua. Até agora, 38 pessoas foram mortas, incluindo 4 crianças. Minhas condolências a todos os familiares e amigos afetados por esta tragédia. 190 pessoas ficaram feridas e estão recebendo assistência. Há 64 pessoas hospitalizadas em Kiev, 28 em Kryvyi Rih e 6 em Dnipro”, informou.
Zelensky seguiu:
“Todos os pacientes de Okhmatdyt foram transferidos para outras instituições médicas.
Em algumas áreas atingidas pelos mísseis, as operações de resgate continuaram durante toda a noite, envolvendo quase 400 socorristas.
Sou grato a todos que estão resgatando e cuidando de nosso povo, a todos os envolvidos e a todos que estão ajudando.
Continuamos o nosso trabalho para aumentar a proteção das nossas cidades e comunidades contra o terror russo. Haverá decisões. O mundo tem a força necessária para isso.
Agradeço também a todos os líderes que nos apoiaram e estão preparando novas medidas conjuntas para proteger vidas contra o terror russo.”
Lula obviamente não está entre os líderes que apoiaram os ucranianos contra o terror russo.
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