Josias Teófilo na Crusoé: Como tornar as cidades brasileiras menos feias
A situação das grandes, médias e pequenas cidades brasileiras é de degradação profunda – o centro de São Paulo, por exemplo, parece um cenário pós-guerra
A princípio, pensei em intitular esse artigo de “como embelezar as cidades brasileiras” — mas embelezar seria um passo posterior. A situação das grandes, médias e pequenas cidades brasileiras é de degradação profunda – o centro de São Paulo, por exemplo, parece um cenário pós-guerra.
A primeira coisa a ser feita é também a mais difícil: diminuir a violência a padrões aceitáveis. É a violência a causa de boa parte da feiura das nossas cidades: os muros (cada vez mais altos) interpõem-se entre a rua e as casas, prédios e jardins. E, para completar, esses muros viram alvos fáceis de pichadores.
Os muros, não raro encimados por arame farpado, cacos de vidro ou cercas elétricas, produzem um visual opressivo e distópico no espaço urbano. E são resultado de uma necessidade imediata de proteção contra a violência – que tem um número de mortes semelhante ao de uma guerra.
A insegurança produz também outro efeito colateral: os casarões e prédios históricos (concebidos num contexto em que a violência urbana era menor) precisam ser adaptados. Janelas e portas são tapadas com alvenaria, a fachada é desfigurada. O patrimônio histórico brasileiro sofreu muito por causa dessa circunstância específica. E ainda sofre.
Se os roubos, assassinatos e estupros diminuírem no Brasil veremos outro cenário urbano: menos muros e grades, mais fachadas, janelas e jardins – ou seja, veremos a arquitetura brasileira (respeitada no mundo inteiro) aparecer.
Outra coisa que ajudaria: remover a fiação aérea. O Plano Piloto de Brasília e o centro histórico de algumas cidades brasileiras (como a Rua do Bom Jesus, no Recife, e a Avenida Duque de Caxias, em São Paulo) já tem fiação subterrânea e o resultado visual é inegável. O problema não é só fio de eletricidade – é telefonia, TV a cabo, internet, que vão se acumulando nos postes. Além de ser muito feio é também perigoso: a queda de um poste desses pode ferir ou eletrocutar uma ou várias pessoas – com a fiação subterrânea fica mais bonito e mais seguro.
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