Lula é um castigo muito pior que o 7 a 1 Lula é um castigo muito pior que o 7 a 1
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Lula é um castigo muito pior que o 7 a 1

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Rodolfo Borges
6 minutos de leitura 20.06.2024 09:31 comentários
Análise

Lula é um castigo muito pior que o 7 a 1

O discurso invertido do petista na posse da nova presidente da Petrobras entra para a história como uma das manifestações públicas mais fantasiosas e ofensivas já feitas por um presidente no Brasil

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Rodolfo Borges
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Lula é um castigo muito pior que o 7 a 1
Foto: Ricardo Stuckert / PR

Lula (foto) enfim proferiu um discurso histórico em seu terceiro mandato. O que o petista disse na posse da nova presidente da Petrobras, Madga Chambriard, vai entrar para a história como uma das manifestações públicas mais fantasiosas e ofensivas já feitas por um presidente no Brasil.

Não há mentiras novas no discurso da noite de quarta-feira, 19, mas o local onde elas foram ditas e a forma como ele as reuniu contribuíram para sintetizar o quadro lamentável em que o país se encontra desde que Lula retornou ao Palácio do Planalto após se livrar da prisão por corrupção.

“É sempre uma grande alegria voltar à Petrobras e ver essa empresa pujante, resistente a tantas tentativas de desmonte e dilapidação de seu patrimônio”, discursou Lula, o responsável maior pelas tentativas de desmonte e dilapidação do patrimônio da Petrobras, como revelaram as investigações da Operação Lava Jato.

“Compromisso com a soberania do Brasil

Naturalmente que Lula não se enxerga (ou não se apresenta) assim. Para ele, os culpados são os responsáveis pela Lava Jato, entre outros agentes da “elite política e econômica deste país”, que não têm “compromisso com a soberania do Brasil e a melhoria de vida do nosso povo”.

O petista disse que “tentaram destruir a Petrobras antes mesmo de sua criação” e que “a história jamais esquecerá os editoriais dos grandes veículos de comunicação que preferiam ver o petróleo brasileiro entregue de mão beijada a empresas estrangeiras”. É particularmente ultrajante que o petista diga isso no momento em que ele mesmo participa da tentativa de apagamento da Lava Jato.

Origem 100% brasileira”

Lula reclamou ainda das tentativas de privatização da Petrobras e de mudar seu nome, que seria uma “tentativa de negar sua origem 100% brasileira”. Minutos antes, ele tinha lamentado a perda de controle governamental sobre a Eletrobras e a Vale e associado a isso à demora para indenizar as vítimas das tragédias de Mariana e Brumadinho.

Segundo o petista, uma empresa com muitos donos (acionistas), “em que ninguém manda, não cumpre aquele papel social que é importante cumprir”. Traduzindo: Lula quer ser “dono” de todas as empresas nas quais conseguir meter a mão.

Tecnologia, salário, emprego e o petrolão

O presidente disse que patrocinou o maior ciclo de investimento da companhia em 2003, em seu primeiro governo, acrescentando que não foi fácil, porque lhe diziam que era mais barato “comprar fora” sondas e plataformas. “Eu dizia: ‘mas comprar fora não vai gerar emprego, não vai gerar tecnologia, comprar fora não vai gerar salário e não vai gerar emprego'”. E também não iria gerar o petrolão, acrescento eu.

Lula exaltou as descobertas do pré-sal e louvou as ações dos governos petistas na área de petróleo, mas disse que “ainda não conseguimos fazer as coisas como a gente queria fazer porque teve um terremoto neste país, uma praga de gafanhoto que veio para destruir aquilo que era a realização de um sonho do povo brasileiro”.

Os corruptos

Ele seguiu: “Tudo isso veio abaixo mais uma vez com a agorância [arrogância?] da elite. Com falso argumento de combater a corrupção, a Operação Lava Jato mirava na verdade o desmonte e a privatização da Petrobras. Se o objetivo fosse de fato combater a corrupção, que se punisse os corruptos, deixando intacto o patrimônio do nosso povo. Mas o que foi feito não foi isso. O que foi feito foi uma tentativa de destruir a imagem da empresa.”

É de se perguntar a Lula que corruptos deveriam ser punidos após ele, antes de todos, e mais de 100 condenados pela Lava Jato, depois, terem se livrado das acusações por questões processuais.

Chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol rebateu o petista com números: “Nós punimos os corruptos: foram 533 acusados, mais de 250 condenações e um total de 2600 anos de pena. A Lava Jato recuperou mais de R$ 15 bilhões para a sociedade, sendo que R$ 6 bilhões foram devolvidos à Petrobras, que os seus governos petistas destruíram e rapinaram”.

Lágrimas

Lula disse que, apesar de não ser petroleiro, muitas vezes chorou “ao ver, pela imprensa, vocês, camisas amarelas da Petrobras, sendo chamados de corruptos em restaurante aqui do Rio de Janeiro por aqueles que achavam que a Petrobras tinha sido um antro de corrupção”.

O ápice da inversão no discurso do petista veio na frase “a farsa que sustentou a Lava Jato foi desmontada”. Porque nem houve farsa, nem as descobertas sobre o esquema de loteamento político da estatal com fins espúrios sumiram, apesar da anulação de condenações pelos tribunais superiores do país.

Ao fim do discurso, inebriado pela própria narrativa, Lula se animou a defender presidentes do passado. Mencionando o que chamou de mentiras sobre a Petrobras, o petista disse que “não tem volta”. “O Getúlio Vargas morreu porque fizeram uma denúncia de corrupção contra o Getúlio Vargas. Depois que ele se matou, nunca provaram a corrupção que ele tinha feito”, disse o petista.

Castigo

“O Juscelino Kubitschek foi acusado de ter um apartamento aqui em Copacabana. Juscelino deixou de ser presidente em [19]61 e nunca se provou o apartamento do Juscelino”, seguiu, semeando o terreno para encerrar a própria defesa:

“Vocês estão lembrados, quando nós começamos a fazer a Copa do Mundo, a quantidade de denúncias de corrupção nos estádios da Copa do Mundo. E muita gente inventou, da direita mesmo, ‘[que] tudo tem de ser padrão Fifa, porque o Brasil tem de dar saúde padrão Fifa, o Brasil tem que dar não sei o que lá padrão Fifa’. na tentativa de desmoralizar a Copa do Mundo.”

Na sequência, Lula classificou a derrota do Brasil para a Alemanha por 7×1 na final da Copa do Mundo de 2014 como um castigo divino: “E Deus é justo, nós tomamos de 7 a 1 naquela Copa do Mundo da Alemanha. Já que é para castigar, vamos castigar”.

Lula é um castigo muito pior que o 7 a 1.

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Rodolfo Borges

Rodolfo Borges é jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Trabalhou em veículos como Correio Braziliense, Istoé Dinheiro, portal R7 e El País Brasil.

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