Lula acusa Tarcísio de ter influência no BC: “Tem mais do que eu”
Enquanto o Copom inicia o debate sobre o fim da redução da Selic, o chefe do Palácio do Planalto volta a pressionar Roberto Campos Neto
O presidente Lula (PT) acusou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de ter mais influência nas decisões do Banco Central do que ele, devido à proximidade demonstrada com Roberto Campos Neto em solenidade na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
“Sinceramente, tem mais do que eu”, disse Lula em entrevista à rádio CBN nesta terça-feira, 18.
“Como é que ele encontrou com o Tarcísio na festa? A festa foi do Tarcísio para ele. Foi uma homenagem que o governo de São Paulo fez para ele. Certamente, porque o governador de São Paulo está achando maravilhoso uma taxa de juros a 10,50%”, acrescentou.
“Então, quando ele se autolança (sic) a um cargo. Nós vamos repetir o Moro? O presidente do Banco Central está disposto a repetir o mesmo papel que o Moro fez? O paladino da Justiça, com rabo preso a compromissos políticos”, continuou.
“A quem esse rapaz é submetido?”
Lula ainda questionou a quem Roberto Campos Neto está submetido.
“A quem esse rapaz é submetido? Como é que ele vai a uma festa em São Paulo, quase que assumindo a candidatura a um cargo no governo de São Paulo?”
O petista voltou a atacar a capacidade de Roberto Campos Neto conduzir a autoridade monetária brasileira com autonomia.
“Um presidente do BC que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político, e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar o país. Não tem explicação a taxa de juros do jeito que está”, afirmou.
“Eu já lidei muito tempo com o Banco Central. O Meirelles era o meu presidente do Banco Central e eu duvido que esse Roberto Campos tenha mais autonomia do que tinha o Meirelles. Duvido”, acrescentou.
Nada é por acaso
A pressão de Lula sobre Roberto Campos Neto ocorre no dia em que o Comitê de Polícia Monetária (Copom) do Banco Central inicia o debate sobre o fim da redução da taxa básica de juros do Brasil.
Após sete cortes consecutivos, a manutenção dos juros em 10,50% ao ano é dada como certa pelo mercado financeiro.
Na reunião passada, os membros do Comitê decidiram pela redução no ritmo de cortes de 0,50 ponto percentual para 0,25 ponto percentual, citando incertezas nos cenários econômicos externo e interno. A votação foi dividida, com o grupo de diretores indicados por Lula defendendo a manutenção do ritmo de cortes em 0,50 ponto percentual. O dissenso fez com que parte dos investidores passassem a temer uma composição mais leniente com a inflação para o Banco Central a partir do fim do ano, quando o petista terá indicado todos os membros da autoridade monetária.
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