PCC e CV, tráfico além da fronteira
O Paraguai se tornou um ponto estratégico para o PCC, pois é favorável ao cultivo de maconha e funciona como base para o tráfico de cocaína
Em uma reviravolta que abalou o sistema de segurança pública do Brasil, Marcos Willians Herbas Camacho, também conhecido como Marcola, recebeu um recado que mudaria seu futuro e os rumos das facções criminosas no país.
Transferido para o sistema federal em 2019, Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), cumpria pena fora de São Paulo pela primeira vez em décadas.
No contexto de sua nova situação, advogados enviados pela facção rival Comando Vermelho (CV) procuraram Marcola com a proposta de uma trégua entre os grupos. Ao ouvir sobre o pedido de paz, Marcola respondeu que o verdadeiro inimigo era o estado, não o crime, e que eles deveriam se unir novamente. Em troca dessa aliança, o PCC concordou em financiar ações jurídicas em benefício de ambos os grupos, mostrou reportagem do O Globo.
Rivalidade entre PCC e CV
De acordo com o promotor Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo, o PCC investiu pelo menos R$ 10 milhões em pareceres jurídicos, custas judiciais e honorários advocatícios. Essa trégua resultou na diminuição significativa das mortes nos presídios e teve um impacto positivo nos índices de homicídio em todo o país.
A rivalidade entre as facções começou a azedar em 2016, quando uma guerra violenta entre PCC e CV resultou no maior número de mortes violentas da história do país. A morte do traficante Jorge Rafaat Toumani, conhecido como Rei da Fronteira, foi um marco nessa guerra. O PCC planejou e executou sua morte em uma operação que custou cerca de US$ 1 milhão.
Tráfico internacional
O Paraguai se tornou um ponto estratégico para o PCC, pois é favorável ao cultivo de maconha e funciona como base para o tráfico de cocaína. O país se tornou um importante fornecedor de drogas para o Brasil, África e Europa.
A entrada do PCC no Paraguai ocorreu em 2005, em uma reunião liderada por César Veron, conhecido como Cezinha. A partir desse momento, a facção paulista se estabeleceu no país vizinho.
Até a morte de Rafaat, CV e PCC mantinham uma convivência pacífica e até mesmo uma aliança informal. No entanto, o rompimento entre os grupos começou a se intensificar quando o PCC buscou expandir seu domínio para outros estados brasileiros.
Enquanto o PCC adotava uma política agressiva de crescimento, o CV formava alianças regionais com pequenas facções locais que resistiam à imposição das normas rígidas dos paulistas.
Esse conflito resultou em uma série de massacres no sistema carcerário brasileiro, com mais de cem presos assassinados em diversas regiões do país. Além disso, houve um aumento significativo no número de mortes violentas em todo o Brasil.
Racha na liderança do PCC
Enquanto o CV expande sua influência para outros estados, aproveitando-se da autonomia de suas chefias regionais, o PCC enfrenta um racha interno e um desafio inédito. Essa situação tem aberto espaço para o crescimento do CV.
A aliança entre Marcola e o CV mudou o cenário da segurança pública no Brasil. As consequências dessa trégua ainda estão se desdobrando, e é importante acompanhar de perto os desdobramentos dessa nova realidade..
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