Crusoé: Contra os ingleses, até gregos e turcos estão juntos
Governo de Atenas reclama, há mais de quarenta anos, que ingleses devolvam estátuas que teriam sido roubadas do Partenon; nessa semana, eles ganharam um apoio improvável
Há mais de 40 anos, os gregos cobram que o Reino Unido devolva ao país uma série de obras de artes dos seus tempos antigos, levadas para museus britânicos no século XIX. As chamadas “mármores de Elgin” estavam expostas desde a antiguidade no Partenon, em Atenas — mas foram levadas para o Museu Britânico em Londres por Thomas Bruce, o Lorde de Elgin.
A disputa pela posse das peças — que seguem com os britânicos — está longe de uma conclusão. Nesta semana, no entanto, os gregos ganharam o apoio na causa dos turcos, seus maiores rivais históricos na região.
Para justificar a posse das peças, o governo britânico diz que o Lorde de Elgin, interessado em salvar as peças instaladas em um prédio que estava em parte danificado pelo tempo e seguidos terremotos, obteve a autorização do sultão otomano Selim III para levar as obras consigo em 1806. Nesta semana, o governo turco, sucessor dos otomanos, indicou não ter encontrado nenhum registro oficial desta autorização.
Com isso, as negociações se complicam. Há, sob posse do Museu Britânico, uma série de esculturas feitas no século 5 a.C pelo escultor Fídias, consideradas os destaques da arte grega antiga. Um trecho de 75 metros do friso do Partenon, o símbolo mais conhecido da Grécia e de sua capital, foi retirado e serrado a mando do Lorde, para melhor ser levado a Londres. Outros pedaços e estatuetas, tiradas de templos da Acrópole ateniense, foram doadas a museus de outros países.
Não é o único caso. No próprio Museu Britânico está a Pedra Roseta, que foi retirada do Egito e ajudou a traduzir o idioma dos faraós aos tempos atuais; e o Cilindro de Ciro, considerado uma das peças centrais no império Persa. Apesar de pedidos para que as peças retornem aos seus países, não há tanta discussão sobre a legalidade da retirada das peças, por arqueólogos britânicos, do seu local original.
Leia mais aqui; assine Crusoé e apoie o jornalismo independente.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)