O nível do Guaíba, em Porto Alegre, finalmente começou a baixar após atingir altura recorde nos últimos dias. De acordo com medição realizada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), às 12h15 desta quinta-feira, 9, o nível do lago registrou 4,95 metros, o que representa uma diminuição significativa.

Apesar dessa redução, o rio ainda se encontra mais de 2 metros acima da cota de inundação, que é de 3 metros. No entanto, moradores relatam que a água parece estar estável e até recuando em algumas áreas da cidade, informou reportagem do G1.

Situação no Rio Grande do Sul

Segundo o mais recente boletim da Defesa Civil, o número de mortos está em 107 devido aos temporais que têm atingido a região. Além disso, há 136 pessoas desaparecidas e 374 feridos. Mais de 232 mil pessoas estão fora de suas casas, sendo que 67.563 encontram-se em abrigos e outras 165.112 estão desalojadas, hospedadas na casa de familiares ou amigos.

Os problemas relacionados às chuvas afetaram a maioria dos municípios do estado, totalizando 425 dos 497 com algum tipo de relato de danos causados pelo temporal. Ao todo, cerca de 1,476 milhão de pessoas foram afetadas.

Na área central de Porto Alegre, próxima ao Guaíba, o alagamento é generalizado. O aeroporto e a rodoviária estão fechados devido ao acúmulo de água em suas instalações.

Quando o Guaíba pode voltar ao nível normal

De acordo com especialistas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ainda pode levar cerca de uma semana para que o nível do Guaíba volte ao normal. Em 1941, durante a enchente histórica, foram necessários 32 dias para que o rio voltasse ao seu nível abaixo dos 3 metros.

A situação é complexa e envolve diversos fatores. Um deles é o fato de que as bacias dos rios Taquari, Caí, Pardo, Jacuí, Gravataí e Sinos despejam suas águas no Guaíba, formando uma espécie de funil que retém as enchentes e dificulta o escoamento para o mar. Além disso, os ventos que sopram do sul do litoral para o continente empurram a água da Lagoa dos Patos na direção contrária, contribuindo para as inundações no Guaíba.

Chuvas fortes são esperadas no Rio Grande do Sul

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), chuvas intensas são esperadas a partir desta sexta-feira, 9, e devem se estender até o domingo, 12, com maior intensidade nas regiões centro-norte e leste, incluindo o litoral norte e o sul de Santa Catarina.

Durante esse período, os volumes de chuva podem ultrapassar os 100 milímetros (mm). Além disso, os ventos também sofrerão alterações, passando a soprar predominantemente do sul. A partir do fim do domingo, 12, até a segunda-feira, 13, as rajadas de vento vão variar entre o oeste e o sul, com velocidades acima de 30 km/h. Na terça-feira, 14, os ventos devem enfraquecer, informou o instituto.

Segundo o Inmet, a instabilidade climática observada, especialmente no Rio Grande do Sul neste fim de semana, é resultado do recuo de uma frente fria que avançou por Santa Catarina. Essa frente fria permanecerá no estado, causando áreas de instabilidade e um gradual ingresso de ar frio.

Os volumes de chuva previstos podem causar novos transtornos em áreas que já foram afetadas anteriormente. Diante disso, o Inmet alerta a população e recomenda que as orientações da Defesa Civil Nacional sejam seguidas rigorosamente.

Além das chuvas intensas, o frio também será protagonista nos próximos dias. Na segunda-feira, 13, espera-se que as temperaturas caiam ainda mais, podendo ocorrer geadas. Contudo, a partir da terça-feira, 14, a chegada de uma frente de ar frio e seco, de origem polar, deverá afastar a instabilidade.