Vírus respiratório ultrapassa Covid em mortes de crianças
Aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave em crianças é causado pelo vírus sincicial respiratório, aponta boletim da Fiocruz
Um recente boletim divulgado pela Fiocruz revelou um aumento nos casos de síndrome respiratória aguda grave (Srag) em crianças. Segundo os dados apresentados, a principal causa dessa síndrome é o vírus sincicial respiratório (VSR), que já supera os casos de Covid em crianças e representa 57,8% do total de casos recentes.
O VSR é conhecido por ser o principal agente causador de bronquiolite em bebês, uma doença respiratória comum e altamente contagiosa. Os sintomas mais comuns são tosse e falta de ar. Embora a maioria dos casos seja leve, alguns podem resultar em internações hospitalares. De acordo com especialistas, esse vírus é responsável por 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias em crianças pequenas.
A circulação crescente do VSR tem levado a um aumento na incidência e na mortalidade por infecções respiratórias em crianças com até dois anos de idade. Nas últimas oito semanas epidemiológicas, as novas internações por VSR têm superado as internações por Srag associadas à Covid nessa faixa etária.
Vacinação em gestantes
Para combater essa ameaça, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, em 1º de abril deste ano, a primeira vacina para gestantes contra o VSR. Desenvolvida pela Pfizer, a vacina Abrysvo oferece uma proteção de 82% aos bebês de até três meses de idade contra infecções graves.
A recomendação é que as mulheres grávidas recebam uma única dose da vacina entre a 24ª e a 36ª semana de gestação, a fim de oferecer uma resposta imune contra as infecções respiratórias causadas pelo VSR nos bebês até seis meses de idade. Os anticorpos produzidos pelas mães chegam até o bebê por meio da placenta, proporcionando uma proteção adicional.
Crescimento da Srag
No cenário nacional, observa-se um crescimento da síndrome respiratória aguda grave no longo prazo, nas últimas seis semanas, e uma estabilização no curto prazo, nas últimas três semanas. Em relação à Srag causada pela Covid, o vírus continua em queda em todo o país, com alguns estados apresentando estabilidade em níveis baixos.
Embora a incidência de casos de Srag por Covid também afete crianças, ainda são registradas, em média, três mortes de crianças a cada quatro dias no Brasil. De acordo com o boletim Observa-Infância, essa mortalidade está associada às baixas taxas de cobertura vacinal nessa faixa etária. A vacina contra o vírus está incluída no Calendário Nacional de Vacinação de 2024 e é recomendada para crianças a partir dos seis meses e menores de cinco anos.
Em 2024, foram notificados 38.670 casos de Srag, sendo que 17.562 (45,4%) foram positivos, 14.563 (37,7%) foram negativos e 4.308 (11,1%) ainda aguardam resultado laboratorial. Nas últimas quatro semanas, os vírus que mais prevaleceram nos casos positivos foram: VSR (57,8%), Influenza A (23%), Covid-19 (10,7%) e Influenza B (0,4%). Entre os casos de morte com resultado positivo para algum vírus respiratório, a distribuição foi a seguinte: influenza A (32%), influenza B (0,3%), VSR (10,8%) e Covid-19 (53,9%).
Influenza A
Chama atenção o crescimento da influenza A, que está se aproximando dos números observados para a Covid nas últimas quatro semanas em termos de percentual associado aos óbitos. Desde 25 de março, está em andamento a campanha de vacinação contra a gripe nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. O Ministério da Saúde estima imunizar 75 milhões de pessoas durante essa campanha.
De acordo com o boletim, 23 unidades federativas apresentam um crescimento de Srag no longo prazo. São elas: Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantins.
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