Mais 10 viram réus por ligação do PCC com empresa de ônibus
Os réus responderão pelos crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa, extorsão e apropriação indébita
A Justiça de São Paulo acolheu a denúncia do Ministério Público e tornou réus dez dirigentes da empresa de ônibus Transwolff, que presta serviços à Prefeitura de São Paulo. Eles são investigados por suspeita de ligação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Os dirigentes responderão pelos crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa, extorsão e apropriação indébita. Agora, eles têm 30 dias para responder às acusações.
A denúncia foi feita pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e aponta que a Transwolff recebeu mais de R$ 5,3 bilhões da prefeitura desde 2015, ano em que foram assinados os primeiros contratos de concessão com a SPTrans para operar linhas de ônibus nas zonas Sul e Leste da cidade. Três dos denunciados já estão presos, incluindo o dono da Transwolff, Luiz Carlos Efigênio Pacheco.
Segundo o G1, a defesa de Pacheco negou as acusações e afirmou que os recursos utilizados na empresa foram devidamente cadastrados no Banco Central. Os advogados dos outros denunciados também afirmaram que vão provar a inocência de seus clientes durante o processo.
Lucros na forma de dividendos
A investigação revelou que empresas como a Transwolff e a UPBus, outra empresa alvo da operação, utilizavam nomes de laranjas para esconder os verdadeiros donos e contadores para maquiar as transações financeiras, a fim de participarem de licitações públicas. A Receita Federal constatou que as empresas conseguiram misturar dinheiro lícito e ilícito e retirar lucros na forma de dividendos para os sócios.
O Ministério Público determinou a segunda etapa da investigação para descobrir se houve participação de agentes políticos no esquema. Promotores do Gaeco estão reunindo indícios de autoria e materialidade dos crimes citados na denúncia.
Operação Fim da Linha
A Operação Fim da Linha resultou na prisão de sete pessoas. Uma oitava pessoa foi presa na Operação Munditia. Durante as ações, foram apreendidas 11 armas, 813 munições diversas, R$ 161 mil em espécie, além de computadores, HDs, pen drives, dólares e barras de ouro.
De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público, os envolvidos utilizaram o serviço de transporte público por ônibus na capital para ocultar a origem ilegal dos ativos e do capital provenientes do tráfico de drogas, roubos e outros crimes.
Envolvimento do PCC
A investigação revelou que, entre os anos de 2014 e 2024, um indivíduo responsável por coordenar as atividades de tráfico do PCC e outra pessoa injetaram mais de R$ 20 milhões em recursos ilícitos em uma cooperativa de transporte público da zona leste, que posteriormente se transformou na empresa Upbus. Essa ação possibilitou a participação da empresa em uma licitação promovida pela prefeitura de São Paulo em 2015. Ambas as pessoas envolvidas faziam parte do quadro societário da Upbus.
No caso da Transwolff (TW), entre os anos de 2008 e 2023, dez indivíduos foram acusados de constituir e integrar uma organização criminosa. Eles utilizaram o grupo econômico TW/Cooperpam para cometer os crimes de apropriação indébita, extorsão, lavagem de dinheiro e fraudes em licitações. Estima-se que cerca de R$ 54 milhões provenientes do tráfico de drogas tenham sido lavados através dessa empresa de transporte, que também precisava dos recursos para se qualificar nas licitações.
Ambas as empresas sofreram intervenção por parte do município. Em uma edição extraordinária publicada no Diário Oficial do município, o prefeito Ricardo Nunes decretou a intervenção, informando que a prefeitura, por meio da SPTrans, assumiria o controle das linhas.
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