Bolsonaristas fazem tour para dizer que o Brasil é a Venezuela Bolsonaristas fazem tour para dizer que o Brasil é a Venezuela
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Bolsonaristas fazem tour para dizer que o Brasil é a Venezuela

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Redação O Antagonista
5 minutos de leitura 12.04.2024 14:04 comentários
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Bolsonaristas fazem tour para dizer que o Brasil é a Venezuela

Integrantes da mesma comitiva bolsonarista que foi aos Estados Unidos em março, estiveram essa semana em Bruxelas, com o objetivo de convencer os parlamentares europeus de que o Brasil é uma ditadura tão opressora quanto a ditadura venezuelana.

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Bolsonaristas fazem tour para dizer que o Brasil é a Venezuela
Reprodução/Instagram

Integrantes da mesma comitiva bolsonarista que foi aos Estados Unidos em março, estiveram essa semana em Bruxelas, com o objetivo de convencer os parlamentares europeus de que o Brasil é uma ditadura tão opressora quanto a ditadura venezuelana.

Lá eles participaram na terça-feira, 9 de abril, de um evento intitulado “Brasil: a repressão de Lula ao Estado de Direito.

Segundo Herman Tertsch, membro do Parlamento Europeu e presidente do grupo conservador ECR (conservadores e reformistas europeus), que promoveu o evento, o objetivo do encontro era discutir a “tendência à repressão total” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro do STF, Alexandre de Moraes. Segundo ele o espaço era para “denunciar” a realidade “autoritária” do Brasil.

Eduardo Bolsonaro disse que a missão da comitiva era “levar a verdade” não só para Bruxelas, mas também para Haia, na Holanda, onde fica a sede do Tribunal Penal Internacional.

Verdade parcial

Como os leitores de O Antagonista sabem bem, a “verdade” que os bolsonaristas difundem é normalmente parcial e incompleta.

A “verdade” que estão agora gritando para o mundo não é muito diferente. A tática, aliás, é misturar o joio com o trigo, jogar pra cima algumas verdades pra deixar passar a mentira que interessa.

A primeira meia verdade já começa em relação ao modo como foi divulgado o evento, que não foi uma sessão plenária do Parlamento Europeu, como alguns deputados brasileiros fizeram parecer nas redes, mas um encontro de políticos conservadores, o ECR (European Conservatives and Reformists)

A fala do deputado Gustavo Gayer, que foi inclusive compartilhada no X por Elon Musk, foi uma mistura de lacração à direita (“vivemos em uma democracia trans, uma ditadura que se identifica como democracia”), com algumas denúncias reais (autoritarismo de Alexandre de Moraes), omissões factuais (jamais dizem que houve uma tentativa de golpe de Estado no Brasil), vitimismo hipócrita e exagero (eles seriam tão perseguidos quanto as vítimas da ditadura da Venezuela).

O deputado Gayer, youtuber e professor de Inglês, assevera ao mundo que o Brasil vive uma ditadura que ainda não foi reconhecida: “Não podemos deixar o Brasil virar uma ditadura. E, quando eu digo tornar-se, é ser reconhecido com uma, porque já é.”

A comitiva bolsonarista em Washington

Em março uma comitiva de deputados brasileiros lideradas por Eduardo Bolsonaro chegou em Washington.

Inicialmente convidados para participar em uma audiência na Comissão Tom Lantos de Direitos Humanos na Câmara dos Representantes, eles tiveram que mudar os planos quando um dos presidentes da comissão, vetou o evento, explicando que os republicanos estariam “usando o Congresso dos Estados Unidos para apoiar os negacionistas eleitorais da extrema direita que tentaram dar um golpe no Brasil.”

Aqueles que atacaram o Congresso brasileiro foram inspirados pela insurreição de Trump, e os republicanos querem lhe dar cobertura. Entre as testemunhas propostas estava Paulo Figueiredo Filho – um empresário de extrema direita que se gaba das suas ligações com Trump – que está sob investigação criminal pelo seu papel na conspiração para anular as eleições brasileiras“, afirmou em nota oficial enviada à Agência Pública o democrata James P. McGovern, um dos presidentes da comissão que vetou o evento.

Com a recusa para participarem de uma audiência formal, os deputados bolsonaristas fizeram uma patacoada improvisada em frente ao Capitólio, e chamaram de “coletiva de imprensa”. Ao lado deles estava o outro presidente da Comissão Tom Lantos, o republicano Chris Smith.

Em 13 de março, o ex-presidente americano Donald Trump recebeu o deputado Eduardo Bolsonaro e o ex ministro da cultura, Mario Frias, em seu resort em Mar-a-Lago, na Flórida. Na ocasião, Jair Bolsonaro e Donald Trump se falaram por videochamada.

The truth about the democracy in Brazil

Os deputados bolsonaristas tentaram angariar apoio dos deputados americanos para votarem uma lei que penalize as autoridades brasileiras, sob a justificativa de violação dos direitos humanos no Brasil.

Segundo o especialista brasileiro em direitos humanos e ex-secretário executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), Paulo Abrão, os bolsonaristas têm utilizado “o mesmo manual de advocacy que as dissidências cubanas, venezuelanas e nicaraguenses exiladas dentro dos Estados Unidos” como se vivêssemos no Brasil em regimes opressores tal qual os existentes nesses países.

Não é à toa que eles estão utilizando exatamente essa linha, porque é a linguagem e a gramática que funciona para ativar esses outros foros. A gramática de nomear como ditadura, como governo autoritário, como violador de direitos humanos, como um narcogoverno“, explicou Paulo Abrão.

Os deputados, que têm viajado por diferentes países para encontrar políticos ideologicamente alinhados, distribuíram materiais aos parlamentares norte-americanos da petição The truth about the democracy in Brazil [A verdade sobre a democracia no Brasil], de autoria do deputado Gustavo Gayer.

O documento, que traz a insígnia do Congresso Nacional, argumenta que o TSE estaria “processando e culpando oponentes do atual presidente da República sem a menor base probatória, tudo com a única intenção de aniquilar a oposição ao atual governo“.

A petição conta com a assinatura de 40 deputados e dois senadores.

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