Rodolfo Borges na Crusoé: O drible de Cuca
Treinador do Atlhetico Paranaense conseguiu romper a linha de adversários com um drible de corpo, sem nem tocar na bola
“O futebol só pode ser revivido em melhores momentos, editado, enxugado, porque é a expectativa de ver qualquer momento se revelar um desses melhores momentos que leva a gente a transpor seus desertos imensos. Se nós já sabemos quais serão eles, e quando, a seca nos mata de sede”, diz uma das personagens de O drible, de Sérgio Rodrigues. Enxerguei um desses lances na carta lida por Cuca no último fim de semana, após a goleada por 6×0 sobre o Londrina.
Cada um interpreta o lance como pode. Juca Kfouri disse que o treinador do Athletico (ex-Atlético Paranaense), cuja condenação por estupro na Suíça foi anulada recentemente, compreendeu a reação popular ao caso “de maneira tão humilde, tão correta dentro dos limites de cada um de nós, homens, que a única coisa que tenho a dizer é que, de minha parte, o episódio está encerrado”.
Milly Lacombe, que foi citada nominalmente na manifestação de Cuca sobre o caso, destacou o episódio como importante e corajoso. “Quantos podem olhar para trás e ter a coragem de rever erros cometidos contra mulheres? Cuca deu um passo à frente e chamou seus colegas a repensarem ações”, sentenciou, abrindo espaço para tratar Cuca como “aliado” da “luta feminista”.
Já Walter Casagrande Jr. decretou “um dia histórico para o futebol”. “Era isso que faltava, Cuca: você entender a sua importância dentro desse cenário masculino nocivo para as mulheres que existe no futebol”, escreveu o ex-jogador, que considera que Cuca “deu a volta por cima em grande estilo”.
O mais surpreendente é que Cuca conseguiu tudo isso sem nem tocar na bola, como no drible clássico de Pelé no goleiro uruguaio Ladislao Mazurkiewicz na Copa do Mundo de 1970. No lance, que serve de mote para o livro mencionado acima, o camisa 10 da seleção recebe um lançamento e, em vez de dividir a bola com o arqueiro adversário, deixa ela passar. Mazurkievski obviamente não entende nada e fica fora do lance. Pelé, então, corre atrás da bola e, com o baliza aberta, chuta por muito pouco para fora, no gol perdido mais bonito da história.
Pois bem, o treinador do Athletico…
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