Crusoé: Trump não está batendo as metas
Ex-presidente vem trucidando a única rival, estado após estado, nas primárias republicanas. Seus números, no entanto, estão cada vez mais abaixo do que pesquisas indicavam
Ao mesmo tempo que Donald Trump (foto) vem demonstrando poder quase absoluto sobre o eleitorado republicano nos EUA— vencendo todas as primárias realizadas até agora — um sinal amarelo aponta que há algo estranho acontecendo, ou na campanha, ou com os mais respeitados institutos de pesquisa no país. Neste momento, Trump vem tendo cada vez menos votos que o previsto.
Na primeira disputa em Iowa, Trump teve dois pontos percentuais a menos que o previsto pelos institutos (que indicaram 34% de diferença para o segundo colocado; ele teve 32% de vantagem), o que se encaixa na maior parte das margens de erro. Na rodada seguinte, em New Hampshire, a liderança caiu sete pontos na hora da apuração, indo de 18 para 11 pontos percentuais. Na Carolina do Sul, o spread foi de oito pontos. Em Michigan, nessa semana, sua vantagem sobre Nikki Haley foi 15 pontos percentuais menor que a prevista.
Em nenhum momento esses números alteram o rumo da campanha — o ex-presidente é o virtual candidato republicano nas eleições de novembro. No entanto, apesar de pouco explicáveis, os números devem apresentar sinais de atenção para a campanha do empresário.
Há três possibilidades para que Trump não esteja indo como esperavam as pesquisas. A primeira fala sobre o comportamento humano: parte do eleitorado, neste momento inicial da campanha, pode estar indeciso sobre seu voto e disposto a mudar de opinião na última hora. A segunda cai no colo de quem faz os números: por melhor que sejam os institutos de pesquisa e as pesquisas privadas contratadas pelas campanhas, o eleitorado medido pode estar desregulado e não dando do devido peso a certos grupos eleitorais relevantes.
A terceira tem a ver com o eleitor, e pode ser o real risco para a campanha de Trump: a existência, não pesada corretamente, de um voto anti-Trump dentro do próprio partido Republicano. Ele existe e é capitalizado, neste momento, pela candidatura de Nikki Haley — mas ainda não se mostrou uma ameaça ao ex-presidente.
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