Defesa de Genoino por boicote de judeus terá de sair do ar
Em janeiro, José Genoino, ex-presidente do PT, sugeriu o boicote a empresas comandadas por judeus em entrevista a um blog petista
O desembargador Carlos Eduardo da Fonseca Passos, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), determinou que o Google, dono do Youtube, retire do ar o trecho do vídeo em que José Genoino (PT) defendeu o boicote a empresas de judeus.
Segundo O Globo, a empresa terá 48 horas para realizar a remoção. O Google poderá ser multado em 100 mil reais se não cumprir a determinação.
Na decisão, o desembargador afirmou que a “manutenção da declaração em plataforma gratuita de vídeo online é suscetível de gerar dano grave irreparável, dado o acesso livre e continuado por quantidade indeterminada de usuários a conteúdo ofensivo e discriminatório”.
O que disse Genoino?
Em sua declaração a um blog petista em janeiro de 2024, Genoino criticou o abaixo-assinado elaborado por empresários brasileiros pedindo a retirada do apoio do país a uma ação movida pela África do Sul contra Israel na Justiça internacional. O ex-presidente do PT sugeriu então o boicote a empresas comandadas por judeus.
“É interessante essa ideia do boicote por motivos políticos que ferem interesses econômicos. Inclusive tem esse boicote em relação a determinadas empresas de judeus”, disse.
“Inclusive, eu acho que o Brasil deveria cortar relações comerciais na área de segurança e defesa com o estado de Israel”, acrescentou.
Como a fala foi recebida pela comunidade judaica?
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Federação Israelita do Estado de São Paulo divulgaram notas em repúdio.
“É uma fala antissemita, e o antissemitismo é crime no Brasil”, afirma a Conib na nota. “O boicote a judeus foi uma das primeiras medidas adotadas pelo regime nazista contra a comunidade judaica alemã, que culminou no Holocausto”.
A entidade também fez um apelo para que as lideranças políticas brasileiras atuem com “moderação e equilíbrio” em relação ao conflito no Oriente Médio: “Falas extremadas e em desacordo com a tradição da política externa brasileira podem importar as tensões daquela região ao nosso país”.
Já a Federação Israelita de São Paulo classificou a fala de Genoíno como “criminosa” e afirmou que a declaração do petista “remete a filosofia de Adolf Hitler”.
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