Crusoé: “Fedor inimaginável” invade África do Sul — e a culpa também é nossa
Cidade do Cabo foi atingida por uma onda de forte cheiro nos últimos dias. Após investigações nas redes de esgoto, autoridades encontraram a resposta no porto
Desde o início da semana, os 4,6 milhões de habitantes da Cidade do Cabo, uma das principais da África do Sul, estão enfrentando o que vem sendo chamado de “the big stink” — ou o “grande fedor”. Uma onda com um cheiro tão forte de amônia está tão presente no ar que as autoridades precisaram investigar possíveis vazamentos na rede de esgoto da cidade.
A resposta estava no porto da cidade, em um navio que saiu do Brasil com 19 mil cabeças de gado vivas. O destino da embarcação é o Iraque, mas uma parada no porto sul-africano apontou que as condições dos milhares de animais nascidos no Brasil e levados para o abate no Oriente Médio são deploráveis.
A SPCA, uma entidade de proteção dos direitos animais, chegou a publicar fotos na última segunda-feira, 19, das condições que os animais estavam no navio, de bandeira do Kuwait. As imagens estão publicadas no portal de notícias Cape Town Etc., mas podem ser consideradas sensíveis para alguns leitores.
O grupo alertou que as cenas são “abomináveis, com um grande acúmulo de fezes e urina, com os animais não tendo opção a não ser descansar em seus próprios excrementos represados”, disse Jacques Peacock, um porta-voz da SPCA.
“Isto é um sério lembrete que a exportação viva de animais pelo mar é uma prática cruel e antiquada que inflige sofrimento desnecessário em seres sentientes”. O recado ainda continua com a defesa da tese de que “este método [de transporte] causa dor, sofrimento e estresse a muitos animais, incluindo uma alta taxa de mortalidade durante a viagem.”
O barco já deixou a cidade e agora contorna o Cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente africano. Apesar disso, os veículos de imprensa da região indicam que o cheiro, que lembra amônia, ainda permanece forte em toda a cidade.
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