Indígenas do Brasil foram usados por Lula, diz artigo da Newsweek
O povo Yanomami ainda enfrenta os mesmos desafios de há um ano: desnutrição, violência, falta de medicamentos e de água potável e até morte”, escreveu o jornalista.
O jornalista brasileiro, radicado na Bélgica, Raphael Tsavkko Garcia, que também é doutor em direitos humanos pela Universidade de Deusto (Espanha) escreveu para a revista de notícias semanal estadunidense, Newsweek, uma matéria na qual explica para os gringos porque os indígenas e ambientalistas não têm muito a comemorar com a chegada de Lula ao poder.
Rafael relembra que a sucessora de Lula, Dilma Rousseff, deu continuidade e aprofundou projetos econômicos do anterior governo Lula que ameaçavam o meio ambiente, notadamente a construção da hidrelétrica de Belo Monte, projeto considerado ilegal pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Segundo ele, o governo Dilma Rousseff marcou uma continuidade de políticas que privilegiavam os interesses econômicos em detrimento dos direitos ambientais e indígenas, o que levou, desde então a um sentimento de cautela entre os ativistas, que voltaram, porém, a ter esperanças com o retorno de Lula ao poder, principalmente pelo fato de ele ter nomeado a ambientalista Marina Silva como ministra do Ambiente e das Alterações Climáticas.
Além disso, a eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, representava um afastamento tão grande das questões indígenas e ambientais que qualquer coisa era melhor que nada.
A criação de um novo ministério, o Ministério dos Povos Indígenas, durante o terceiro mandato de Lula, também foi vista como um possível passo para abordar as preocupações dos indígenas.
O autor da matéria faz então um circunlóquio e usa eufemismos para concluir, afinal, que Lula negligenciou o referido ministério e que um ano após o terceiro mandato de Lula, pouco há para mostrar de ações e realizações reais.
O povo Yanomamy enfrenta os mesmos desafios
“Relatos de violência contra comunidades indígenas, atividades mineiras ilegais e conflitos fundiários continuaram a ser manchetes […] O povo Yanomami ainda enfrenta os mesmos desafios de há um ano: desnutrição, violência, falta de medicamentos e de água potável e até morte”, escreveu o jornalista. E denuncia:
“O governo de Lula prometeu priorizar os direitos indígenas, proteger o meio ambiente e cumprir os seus compromissos com tratados e acordos internacionais, mas até agora não o fez. Apesar de ser membro do gabinete de Lula, a Ministra Guajajara expressou frustração pela falta de financiamento e compromisso do governo com o seu ministério”.
A conclusão da matéria é um desabafo cético e lúcido:
“Resta pouca esperança para o terceiro mandato de Lula. Mais uma vez, os indígenas do Brasil foram usados como ferramenta de propaganda e promessas de campanha vazias, sem qualquer mudança real.
Após a sua reeleição, os gestos de Lula para com esta população parecem ter sido meramente cosméticos, uma forma de apaziguar as críticas, enquanto no mundo real os indígenas continuam a ser perseguidos e mortos nas suas terras de origem”.
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