Sessão da Câmara que vota reforma de Milei vai a terceiro dia Sessão da Câmara que vota reforma de Milei vai a terceiro dia
O Antagonista

Sessão da Câmara que vota reforma de Milei vai a terceiro dia

avatar
Caio Mattos, De Buenos Aires
6 minutos de leitura 02.02.2024 00:43 comentários
Mundo

Sessão da Câmara que vota reforma de Milei vai a terceiro dia

Deputados nem votaram o texto base da reforma de Milei, em tese, a fase mais rápida; protesto de piqueteiros tem mais confrontos com polícia

avatar
Caio Mattos, De Buenos Aires
6 minutos de leitura 02.02.2024 00:43 comentários 0
Sessão da Câmara que vota reforma de Milei vai a terceiro dia
Foto: Caio Mattos

A Câmara dos Deputados da Argentina suspendeu pelo segundo dia seguido, na madrugada desta quinta-feira, 1º de fevereiro, para sexta, 2, a sessão em plenário que deve votar o projeto de lei ómnibus, uma dos principais fronts de reformas do governo do presidente, Javier Milei.

A sessão será retomada ainda nesta sexta às 10h.

Os deputados ainda não votaram nem o texto-base do projeto de lei, que é a fase mais rápida do debate legislativo.

A base governista nem se inquieta com essa etapa, porque a oposição dialoguista, composta pelos desafetos do ex-presidente Mauricio Macri, hoje aliado de Milei, garantiu o seu apoio nela.

A preocupação do governo é com a votação dos destaques individualmente para os mais de 300 artigos do projeto, que originalmente contava com 664.

Ao todo, o debate no plenário da Câmara pode perdurar, segundo algumas estimativas, até o sábado, 3 de fevereiro.

O que o governo cedeu em privatizações nesta quinta?

As negociações neste segundo dia de discussão em plenário se concentraram em privatizações e nos estados de emergência.

Sob liderança da secretária geral da Presidência e irmã de Javier, Karina Milei, nesta quinta, a base governista propôs uma nova redução do número de estatais a serem privatizadas.

Originalmente, eram 41. Uma primeira concessão, na fase de debates nas comissões temáticas, levou o número a 36, e abortou a privatização total da estatal petrolífera, YPF.

A oferta do governo nesta quinta reduziu para 27.

Dentre as estatais que agora deixarão de ser privatizadas pelo momento, estão a Casa da Moeda e o Banco de Inversión y Comercio Exterior (BICE), equivalente ao BNDES.

A Aerolíneas Argentinas e os Correios, assim como os meios de comunicação públicos e a estatal de saneamento básico, dentre outras, permanecem no plano de privatizações.

O que o governo cedeu nos estados de emergência nesta quinta?

Os estados de emergência previstos no projeto de lei ómnibus garante ao Executivo poderes especiais para burlar burocracia e trâmites legislativos na implementação de medidas em determinadas áreas.

No projeto original, o governo Milei estabelecia estado de emergência em 11 setores.

A resolução do texto que passou com aval de maioria (dictamen de mayoria) nas comissões temáticas da Câmara na quarta da semana passada, 24 de janeiro, tinha apenas 9 estados de emergência.

Até o final desta quinta, 1º de fevereiro, a base governista tem apoio para manter apenas cinco estados de emergência, que versam sobre política econômica, financeira, tarifária, energética e administrativa.

O governo ainda tenta garantir apoio para o estado de emergência na segurança pública para consolidar as políticas da ministra de Segurança Pública, Patricia Bullrich.

Integrante de diferentes governos desde a década de 1990, Bullrich é conhecida por sua linha-dura.

A sua principal contribuição ao governo Milei, até o momento, é o protocolo anti-piquete.

A medida envolve ação policial para impedir o bloqueio de tráfego, o piquete, um método de protesto muito típico do peronismo e da esquerda na Argentina.

Esse protocolo tem sido aplicada do lado de fora do Congresso da Nação em meio aos debates da lei ómnibus.

Mais confrontos do lado de fora

A violência do lado de fora do Congresso da Nação aumentou nesta quinta-feira em comparação ao primeiro dia de debate, quarta, 31 de janeiro.

Os grupos piqueteiros que protestam desde o primeiro dia de debate, quarta, 31 de janeiro, reuniram mais pessoas desta vez.

Segundo as autoridades federais, o pico de quarta chegou a 5.000 pessoas. Ainda não há dados oficiais sobre esta quinta.

Eles conseguiram avançar mais vezes para cima dos cordões policiais formados para impedir a obstrução do tráfego na região, assim como bloquear por mais ocasiões e tempo a Avenida Rivadavia, que passa pelo Congresso.

Em contrapartida, o efetivo policial no local também aumentou e passou a incluir a polícia da cidade de Buenos Aires.

As autoridades federais, que envolve Guarda Nacional e a Polícia Federal, foram as que mais atuaram sobre o protesto, com uso de bastões, escudos e gás de pimenta, assim como na quarta.

Desta vez, ocorrências com bala de borracha também foram registradas e jornalistas foram feridos.

Quem está protestando?

Os protestos em frente ao Congresso foram convocados e são liderados por grupos de esquerda não peronista, em especial os piqueteiros do Polo Obrero.

O seus representantes na Câmara, os deputados Myriam Bregman e Nicolás del Caño, que formaram chapa nas eleições presidenciais de 2023, se revezaram em saídas do plenário para acompanhar, e capitalizar, o protesto ao longo desta quinta.

Apesar de os principais participantes destes protestos se distinguirem do peronismo — eles tendem ao trotskismo —, os peronistas também estavam presentes.

Era possível escutar marchinhas peronistas cantadas pelos manifestantes, assim como avistar aventais da União dos Trabalhadores da Economia Popular (Utep), o principal sindicato dos piqueteiros peronistas.

A máquina eleitoral do peronismo envolve, também, sindicatos e movimentos sociais desde sua origem, na década de 1940 — Juan Domingo Perón surge na política como ministro do Trabalho com contato direto nos sindicatos.

Apesar de alguns grupos se identificarem com o trotskismo, como o caso dos protagonistas dos protestos desta semana, movimentos sociais e sindicais sempre têm ligações ou afinidades com o peronismo, tanto financeiras quanto ideológicas.

Esses grupos sempre são oposições a governos não peronistas, o caso mais recente além de Milei sendo o seu próprio aliado Macri.

Os peronistas passaram a buscar maior protagonismo na oposição ao projeto de lei ómnibus nesta quinta no plenário também.

O deputado Máximo Kirchner, filho de Néstor e Cristina, encabeçou um pedido pela tarde para adiar a sessão em meio à violência do lado de fora do Congresso. A solicitação foi rejeitada.

Leia também: Aparato peronista

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

Ellen DeGeneres deixa EUA após escândalos e reeleição de Trump

Visualizar notícia
2

"Sua hora vai chegar", diz Bretas a Paes

Visualizar notícia
3

Por que Luiz Eduardo Ramos ficou de fora da trama golpista?

Visualizar notícia
4

Crusoé: Cerco a Bolsonaro

Visualizar notícia
5

PF indiciou padre em caso de golpismo

Visualizar notícia
6

Microsoft pede a Trump endurecimento contra hackers russos e chineses

Visualizar notícia
7

22 de novembro é feriado? Saiba onde!

Visualizar notícia
8

Calendário PIS 2025 (22/11): Saiba os valores e como receber

Visualizar notícia
9

Como Cid convenceu Moraes?

Visualizar notícia
10

Petrobras aprova remuneração extraordinária de R$ 20 bi aos acionistas

Visualizar notícia
1

‘Queimadas do amor’: Toffoli é internado com inflamação no pulmão

Visualizar notícia
2

Sim, Dino assumiu a presidência

Visualizar notícia
3

O pedido de desculpas de Pablo Marçal a Tabata Amaral

Visualizar notícia
4

"Só falta ocuparem nossos gabinetes", diz senador sobre ministros do Supremo

Visualizar notícia
5

Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano

Visualizar notícia
6

Datena a Marçal: “Eu não bato em covarde duas vezes”; haja testosterona

Visualizar notícia
7

Governo prepara anúncio de medidas para conter queimadas

Visualizar notícia
8

Crusoé: Missão da ONU conclui que Maduro adotou repressão "sem precedentes"

Visualizar notícia
9

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
10

Deputado apresenta PL Pablo Marçal, para conter agressões em debates

Visualizar notícia
1

Auxílio gás (22/11): Caixa R$ 100! Saiba como recebea Tem pag

Visualizar notícia
2

"Ultrajante", diz Biden sobre mandado de prisão para Netanyahu

Visualizar notícia
3

Concurso (22/11) com salário de até R$ 12 mil! Veja como se inscrever e as etapas

Visualizar notícia
4

Por que Luiz Eduardo Ramos ficou de fora da trama golpista?

Visualizar notícia
5

Fraudes na CNH (22/11): Detran alerta como evitar golpes.

Visualizar notícia
6

Petrobras aprova remuneração extraordinária de R$ 20 bi aos acionistas

Visualizar notícia
7

INSS (22/11): Saiba agora como fazer a prova de vida e não perder seus benefícios

Visualizar notícia
8

"Sua hora vai chegar", diz Bretas a Paes

Visualizar notícia
9

Crusoé: Cerco a Bolsonaro

Visualizar notícia
10

Bolsa família (22/11): Empréstimos de até R$ 21 mil é disponibilizado. Confira

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

Argentina Javier Milei
< Notícia Anterior

Concurso do INCRA 2024: inscrições abertas com 742 vagas de nível superior

01.02.2024 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

INSS convocará beneficiários para prova de vida: saiba como fazê-la

02.02.2024 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Caio Mattos, De Buenos Aires

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

"Ultrajante", diz Biden sobre mandado de prisão para Netanyahu

"Ultrajante", diz Biden sobre mandado de prisão para Netanyahu

Visualizar notícia
Fernández intimado por violência contra ex-mulher na Argentina

Fernández intimado por violência contra ex-mulher na Argentina

Alexandre Borges Visualizar notícia
Trump nomeia ex-procuradora da Flórida após desistência de Gaetz

Trump nomeia ex-procuradora da Flórida após desistência de Gaetz

Visualizar notícia
Fernández vai depor na Argentina sobre suposto episódio de violência doméstica

Fernández vai depor na Argentina sobre suposto episódio de violência doméstica

Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.